
CARIBE — Num demonstração de força geopolítica, os Estados Unidos deslocaram sua maior frota de poder militar para as proximidades da Venezuela. O USS Gerald Ford, principal porta-aviões americano, navegou pelo Caribe junto a uma esquadra de três destróieres e um contingente de até 90 aeronaves de combate, formando um cenário de confrontação direta com o governo de Nicolás Maduro.
Washington batizou essa movimentação estratégica de operação “Lança do Sul”, apresentando publicamente o combate ao narcotráfico regional como justificativa oficial. A Casa Branca posiciona a manobra como resposta às acusações de que Maduro comanda estruturas internacionais de tráfico de drogas, particularmente o Cartel de Los Soles. Porém, observadores políticos reconhecem que o tamanho desproporcional dessa mobilização aponta para objetivos bem maiores que simplesmente policiar tráfico de substâncias ilícitas.
A resposta de Maduro foi ácida: denunciou uma conspiração estadunidense para derrubar sua administração e buscou abrigo diplomático junto às potências emergentes Rússia e China, que responderam com promessas genéricas de solidariedade sem comprometimentos concretos.
Analistas internacionais decodificam a real mensagem por trás dessa operação naval: Washington quer reafirmar seu controle sobre os recursos naturais venezuelanos — principalmente petróleo e minérios estratégicos — que permanecem fora de seu alcance político. A presença imponente do maior porta-aviões do mundo a apenas quilômetros da costa venezuelana funciona como aviso silencioso: qualquer ação militar está apenas a uma decisão presidencial de distância. O governo americano, por sua vez, insiste que tudo se resume a antinarcóticos, deixando pairar a ambiguidade de uma situação que pode explodir a qualquer momento.


