Mãe de grávida assassinada a facadas pede Justiça e prisão de suspeito

O crime aconteceu em janeiro deste ano e o principal suspeito continua solto ─ Foto: Divulgação

Conviver com a saudade e as lembranças da filha foi o que restou para Francimara Moraes, mãe de Miriam Moraes da Cruz, que tinha 21 anos e estava grávida. A jovem foi assassinada a facadas no dia 16 de janeiro deste ano e teve o corpo jogado em um igarapé, no bairro Tancredo Neves, na Zona Leste. O principal suspeito, o ex-namorado da vítima identificado como Roberto Marinho Brito, é considerado foragido da Justiça. Para a mãe dela, a criação de um Núcleo de Combate ao Feminicídio instituído pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP), nesta sexta-feira (7), reacende a esperança de Justiça e de ver Roberto preso.

Em entrevista, Francimara relatou que os mais de seis meses de luto estão cada vez mais difíceis por causa da falta de respostas sobre as investigações do caso, além da saudade que a jovem deixou.

“Espero que esse núcleo seja efetivo e encontre respostas sobre o caso da minha filha. Já vimos tantos outros casos de feminicídio e, ao longo desse tempo, o da Miriam é um dos poucos que não teve solução. As pessoas já viram Roberto circulando pela cidade, mas até agora a polícia não o encontrou. Desde que esse crime aconteceu, minha vida não está sendo fácil. Mesmo com as dificuldades, eu acredito no trabalho da polícia. Eu confio que eles estejam investigando”, explicou Moraes.

Francimara destacou que a dor e o sofrimento têm rodeado seus pensamentos pela perda precoce da filha. Para ela, os dias desde a morte da jovem são turbulentos e estão causando danos à saúde dela.

“Desde que ela se foi, eu nunca mais estive bem. Fico adoentada, sofro e choro. Tento controlar minhas emoções, pois não é fácil. Do fundo do meu coração, espero ter uma resposta da polícia e que Roberto seja preso. Não quero que o caso da minha filha seja esquecido. Não foi só uma morte, ela esperava meu neto. Foram duas vidas. Eu como mãe me pego olhando as coisas da minha filha. Entro no quarto dela e fico lembrando dos momentos. Ela jamais será esquecida, pois sempre foi muito querida por todos. Acredito que a Justiça por ela será feita. Peço empenho das autoridade, eu preciso de respostas”, clamou a mãe.

Procurado

Roberto é apontado como o principal suspeito da morte de Miriam, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal. Por ser casado, ele pediu para que ela abortasse o bebê, mas Miriam não teria aceitado.

“Após o encontro com Roberto, a vítima sumiu e foi encontrada morta no igarapé. As investigações apontam que a motivação do crime seria o fato de a vítima estar grávida e o pai do bebê não aceitar a gravidez. Diante disso, Roberto cometeu o crime”, disse o delegado Charles Araújo, adjunto da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), durante a divulgação da imagem de Roberto como foragido.

O suspeito continua sendo procurado e, segundo a mãe de Miriam, teria sido visto por conhecidos no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste de Manaus.

“Conhecidos relataram já terem visto ele pela cidade. Eu acredito que ele esteja sendo acobertado por familiares. No meu coração, eu sinto que ele está em Manaus e mais perto do que podemos imaginar”, desabafou.

Investigações

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil do Amazonas para saber sobre o andamento das investigações do caso.  Em nota, o delegado Charles Araújo, da DEHS, afirmou que o suspeito Roberto Brito foi identificado em menos de 72 horas após o cometimento de crime, e já há um mandado de prisão expedido em nome dele.

Conforme a autoridade policial, as investigações estão sendo finalizadas, restando apenas trâmites sigilosos que estão sendo efetuados para que o suspeito seja localizado.

O delegado reiterou, ainda, que o funcionamento do Núcleo de feminicídio da DEHS intensificará e agilizará os procedimentos de diligências que estão sendo feitos para que o mandado em nome de Roberto seja cumprido.

Núcleo de combate ao feminicídio

Segundo o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Louismar Bonates, o Núcleo de combate ao feminicídio irá levar uma investigação mais aprofundada sobre os homicídios contra mulheres.

“Esse núcleo vem para combater e apurar esses casos. Tivemos 31 mortes de mulheres no Estado, sendo quatro comprovados que foram feminicídio, e esse núcleo vai apurar todas as ocorrências. A Polícia Civil já começou também campanhas educativas, para que a população seja conscientizada e os homens entendam que não podem estar agredindo as mulheres”, explicou Bonates.

O núcleo será dirigido pela delegada Marília Campelo e contará com investigadoras e escrivãs mulheres.

FONTE: Em Tempo