Laudo confirma que Gabigol foi chamado de ‘macaco’ por torcedor do Fluminense

Foto: Divulgação

Após a denúncia de torcedores e de veículos de imprensa de que um torcedor do Fluminense cometeu injúria racial ao chamar o atacante do Flamengo, Gabigol, de “macaco”, no último clássico Fla x Flu em 6 de fevereiro, o laudo pedido pelo time da nação rubro-negra confirmou o crime. Uma análise feita por um perito confirmou que o vídeo compartilhado é autêntico, sem edição, e que, nele, um torcedor ofende Gabriel Barbosa ao menos duas vezes. As informações são do Correio Braziliense.

O laudo foi enviado ao Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ), que já havia aberto inquérito para apurar o caso. Gabigol prestará depoimento no caso na próxima sexta-feira (18), de maneira virtual, já que estará em Cuiabá em uma partida do time.

No documento de análise o perito atesta que uma voz masculina gritou “caco… macaco! vai tomar no seu rabo”.

Ainda segundo o Correio Braziliense, o especialista ainda grafa em qual segundo da gravação cada palavra foi dita e afirma que a ofensa foi dita ao menos duas vezes. “Observe-se que a ofensa ‘macaco’ deve ter sido gritada mais de uma vez, visto que a gravação já se inicia com um fragmento da palavra ‘macaco’, mais especificamente as duas últimas sílabas (ou seja ‘caco’). Logo depois a palavra inteira é novamente proferida”, define o perito.

A palavra do especialista encerra uma discussão sobre a validade do vídeo e a existência da ofensa racista. Quando o caso ocorreu, o Fluminense atenuou o caso e disse que “o próprio autor da divulgação do vídeo diz que teve a impressão, sem certeza, de ter ouvido as supostas ofensas”.

A jornalista Isabelle Costa, do site S1 Live, que é a autora do vídeo, celebrou o laudo e comentou as ofensas que recebeu por apontar a presença de injúria racial. “Laudo confirmando os gritos racistas ao Gabigol e veracidade do vídeo. Recebi ameaças e xingamentos, colocaram meu trabalho em questionamento, mas está aí. Que a justiça seja feita. Para quem me ameaçou e me ofendeu, que Deus abençoe sua vida. Mais uma vez, racismo é CRIME!”, declarou após a publicação do documento.

A profissional cobria o clássico em tempo real quando publicou o vídeo com a saída de Gabigol do campo. No mesmo dia da partida, algumas horas depois, ela reviu o vídeo, notou as ofensas e voltou às redes para denunciar o caso.“Agora, longe do barulho do jogo, ouvi repetidas vezes o vídeo e em todas as vezes escuto a ofensa racista ao Gabigol. Extremamente lamentável mais um caso de injúria racial no futebol. Esperamos que todas as ações sejam tomadas. Injúria racial é crime”, ela escreveu no perfil do Twitter em 6 de fevereiro.

Gabigol ainda não se pronunciou após a divulgação do laudo. Após a partida em que foi ofendido, foi questionado por jornalistas se ele teve a “impressão de ter sido alvo de racismo”. Em tom sarcástico ele respondeu: “impressão?”. Mais tarde, ele usou as redes sociais para comentar o caso.

“Até quando? Até quando isso vai acontecer sem punição? Jamais vou me calar, é inadmissível que passemos por isso!! Orgulho da minha raça, orgulho da minha cor!!”, escreveu o jogador ao compartilhar a nota oficial do próprio clube

Ofensas racistas direcionadas a uma pessoa específica são crime tipificado no Brasil como injúria racial, com base na Lei nº 2.848, de 1940. A pena é de um a três anos mais multa. O Fluminense também pode ser punidor a jogar com os portões fechados, sem torcida.

As informações são do D24am.