RIO DE JANEIRO, RJ (O GLOBO) — A Justiça britânica emitiu nesta quarta-feira, dia 20, a ordem formal que autoriza a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, aos Estados Unidos para ser julgado por espionagem devido à publicação de milhares de documentos secretos a partir de 2010.
A ordem será enviada agora para a ministra do Interior, Priti Patel, que tem a última palavra em qualquer extradição. A defesa de Assange pode apelar até 18 de maio por meio de uma revisão judicial, que envolve um juiz examinando a legitimidade da decisão de um órgão público.
A etapa processual, no que tem sido uma batalha legal de mais de dez anos, foi anunciada em uma audiência no centro de Londres após uma decisão de março de negar a permissão de Assange para apelar contra sua extradição.
Assange está detido na prisão de segurança alta de Belmash, em Londres, desde sua prisão no Sudeste da cidade em abril de 2019 pela polícia britânica na embaixada equatoriana no Reino Unido, depois que o então presidente do Equador Lenín Moreno retirou a proteção concedida a ele por seu antecessor, Rafael Correa.
O fundador do WikiLeaks se refugiou na legação equatoriana durante sete anos, a partir de 2012, para evitar a extradição para a Suécia por acusações de estupro que foram posteriormente retiradas.
Assange, de 50 anos, é procurado nos Estados Unidos por 18 acusações criminais, incluindo violação de uma lei de espionagem, depois que o WikiLeaks publicou milhares de arquivos secretos dos EUA em 2010 O governo americano afirma que o australiano não é jornalista, e sim um hacker, que colocou em perigo a vida de vários informantes ao publicar documentos completos, sem edição.
Se for declarado culpado, Assange pode ser condenado ao máximo de 175 anos de prisão, em um caso que as organizações de defesa dos direitos humanos denunciam como um ataque à liberdade de imprensa.
No dia 14 de março, a Suprema Corte britânica rejeitou um recurso de Assange para apelar contra a extradição.
O Wikileaks publicou mais de 250 mil telegramas diplomáticos e cerca de 500 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares americanas no Iraque e no Afeganistão durante a chamada “guerra ao terror”, incluindo denúncias de crimes de guerra. Assange inicialmente fez parceria com jornais como o Guardian para selecionar os telegramas, mas posteriormente acabou por publicá-los integralmente, sem seleção prévia do conteúdo. Ele nega irregularidades.
No último 23 de março, o australiano se casou com a advogada Stella Moris. Eles se conhecem há 10 anos e têm dois filhos.
Em janeiro de 2021, a Justiça britânica havia negado a extradição justificando que o estado de saúde de Assange estava muito frágil.