Indígenas fazem protesto em Brasília contra garimpo ilegal

Grupo está acampado no DF há uma semana para denunciar violência e reivindicar direitos das etnias. — Foto: Amanda Sales

BRASÍLIA, DF (g1) – Cerca de 6 mil indígenas participaram do ato “Ouro de sangue: marcha contra o garimpo que mata e desmata”, em Brasília, durante a tarde desta segunda-feira (11). O grupo está acampado na capital federal desde segunda-feira (4).

Eles defendem a demarcação de territórios e protestam contra a chamada “agenda anti-indígena”, composta pelo julgamento do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF) e por projetos de lei que liberam a exploração de terras, o licenciamento ambiental e o uso de agrotóxicos.

À tarde, os indígenas seguiram pela Esplanada dos Ministérios até o Ministério de Minas e Energia. Em frente ao prédio, eles usaram lama e tinta vermelha para representar a destruição e a morte causadas pelos garimpos.

Nos vidros, o grupo escreveu, com argila, frases contrárias ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Caixas simbolizando barras de ouro, manchadas de sangue, foram colocadas na porta.

Foto: Amanda Sales

Bandeiras do Brasil, manchadas com tinta vermelha para representar a morte dos povos indígenas e o retrocesso nas políticas ligadas ao meio ambiente, foram exibidas ao longo da caminhada.

A Polícia Militar acompanhou a manifestação. Três faixas do Eixo Monumental chegaram a ser fechadas. Não houve incidentes.

Acampamento Terra Livre

Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), mais de 6 mil indígenas de 172 povos, participam do Acampamento Terra Livre 2022 (ATL), que deve ficar montado na capital federal até o dia 14 de abril.

O encontro é considerado o maior do país e ocorre no mesmo período em que o Congresso Nacional deve votar textos como o do Projeto de Lei 191/2020, que autoriza a mineração em terras indígenas. No começo de março, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência para votação do PL.

Além de regras para a mineração, o texto estabelece normas para a exploração de hidrocarbonetos, como petróleo, e a geração de energia elétrica nestes territórios. O projeto está entre os alvos do Ato pela Terra, manifestação de artistas liderada pelo cantor e compositor Caetano Veloso, em Brasília, em março passado, e que denunciou o “pacote de destruição ambiental proposto pelo governo do presidente Jair Bolsonaro” (PL).