Com o aproximar do Natal, a greve dos pilotos e comissários de bordo, desde segunda feira (19), aumenta a preocupação do turismo, que aposta que este ano será a retomada do setor após os prejuízos e restrições por conta da Covid-19. Como esse segmento funciona de forma capilarizada e com reflexos globais, outro movimento que pode causar turbulência no Brasil e no mundo é a paralisação programada por profissionais da Inglaterra devendo se estender até o final do ano.
Proximidade com o Natal
Embora o setor de turismo no Brasil está de dedos cruzados para que os aeronautas e as empresas aéreas cheguem a um acordo o mais rápido possível, na verdade, esse consenso está levando mais tempo do que o esperado. E a movimentação maior começa já nesta quinta-feira por conta do Natal, que neste ano acontece de forma concentrada, restrito ao fim de semana, sem a formação dos chamados feriadões. Isso faz com que saídas e chegadas não sejam diluídas e fiquem concentradas entre os dias 23 e 25.
“Ainda sem notícias concretas, mas com o aumentar da movimentação por conta do Natal, pode resultar em um problema. Se prolongar, claro que os efeitos devam ser maiores. Essa logística afeta profundamente o setor de turismo que é totalmente dependente desse deslocamento”, revela diretora-executiva do Rio CVB, Roberta Werner.
Horário de paralisação programado
Por enquanto, os profissionais param entre 6h e 8h, provocando atrasos não só nessa faixa horária, mas se estendendo, de forma escalonada, durante o restante do dia, principalmente por conta dos realojamentos dos cancelados e as remarcações de horários que não conseguiram levantar voo. Além disso, tem o agravante das diminuições dos voos diretos nos últimos anos, fazendo com que passageiros percam as conexões compradas para completarem os seus destinos.
“Na verdade, respeitamos reivindicações e negociações trabalhistas. Torcemos para que cheguem a melhor acordo possível e acreditamos na boa vontade entre as partes. Acredito que o cenário esteja se resolvendo. Tive conversas com a Latam e a Gol e me tranquilizaram em relação a um acordo em breve. Com a Azul ainda não conversei, mas acredito que estejam com as negociações caminhando”, acredita Luiz Strauss Campos, presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagens.
Efeito cascata
Embora o sindicato dos Aeroviários justifique que a definição da paralização entre 6h e 8h foi por respeito à sociedade para prejudicar o mínimo possível, existe uma determinação judicial, ainda não revogada, que exige a manutenção de 90% das operações. No entanto, a faixa horária escolhida é no chamado horário nobre do segmento, por ser o que concentra a maior movimentação de rotas domésticas e a mais procuradas pelos passageiros.
A categoria também ressalta que estão sendo mantidos os transportes de órgãos para transplante, pessoas doentes e vacinas.
De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), os principais problemas estão sendo registrados nos Aeroportos Santos Dumont, no Rio de Janeiro, Congonhas, Cumbica e Viracopos, em São Paulo, e Juscelino Kubitschek, em Brasília.
Além desses, também são afetados os terminais de Porto Alegre, Belo Horizonte e Fortaleza.
As concessionárias que administram os aeroportos pedem que as pessoas entrem em contato com as companhias para obter informações sobre os status dos voos. Os passageiros reclamam dos congestionamentos nas ligações e na dificuldade para conseguir falar com um atendente humano, ficando restritos nas gravações.
Greve em Londres
O setor aéreo é um dos mais capilarizados do mundo. Um problema pontual e regional é capaz de trazer reflexos globais através do efeito cascata com reflexos no restante do mundo. Um dos maiores exemplos foram os atentados de 11 de setembro de 2001, que impactou todo o planeta.
Quase mil funcionários da Força de Fronteira do Reino Unido anunciam que vão cruzar os braços nesta sexta-feira, podendo se estender até 31 de dezembro. Eles atuam num setor crucial: os balcão de controle de passaportes, tanto de entrada como de saída do Reino Unido. As autoridades já trabalham com a possibilidade de longas filas, atrasos e cancelamentos. A previsão é de passagem pelos terminais britânicos, neste período, de pelo menos 10 mil voos entre eles conexões e escalas de várias partes do mundo, transportando dois milhões de passageiros locais e internacionais.
“Isso não é uma característica do Brasil as negociações coincidirem com o período de maior procura. Em todo o mundo, pela pressão dessa época, é quando costumam acontecer esse tipo de acordo neste setor. E esse problema em Londres pode afetar o transporte de turistas em todo o mundo, inclusive impactar na logística no Brasil por conta das conexões e escalas feitas pelos terminais de lá.”
Prevendo um caos, as principais companhias, British Airways e Virgin Atlantic e outras internacionais que fazem escala no Reino Unido, anunciaram a possibilidade de terem que cancelar partidas se as filas ficarem fora de controle. A situação deve ser pior para quem não possui passaporte inglês ou da União Europeia e que precisam dos carimbos de entrada e saída. Ou seja, um alerta para o brasileiro com viagens programadas para a Inglaterra ou com escala ou conexão em terminais daquele país.
iG