ESPANHA — A Espanha tem se destacado por oferecer contêiners para doação de roupas usadas, com o objetivo de dar uma segunda vida a esses itens, seja através de doações para outros países ou vendas como itens usados. No entanto, uma investigação recente do Greenpeace revelou um problema estrutural preocupante sobre o destino final dessas roupas.
O Greenpeace rastreou 29 peças de roupa doadas em contêiners espalhados pelas ruas e lojas como Mango e Zara, utilizando dispositivos como AirTag para monitorar o percurso. Apenas uma das peças rastreadas chegou ao seu destino final na Romênia, onde foi adquirida por uma loja de segunda mão e, presumivelmente, colocada à venda.
Cerca de metade das roupas rastreadas permaneceu na Espanha, circulando sem uma direção fixa e sem serem doadas a associações ou lojas de usados. As demais peças percorreram milhares de quilômetros, passando por países da América do Sul, África e Ásia, como Chile, Marrocos, Togo, Egito, Paquistão e Índia. No entanto, o Greenpeace não pode confirmar se essas roupas receberam uma segunda vida nesses locais.
A ONG denuncia um circuito irregular na gestão de resíduos têxteis, responsabilidade que compete às câmaras municipais espanholas. O Greenpeace acredita que essas entidades estejam fugindo de suas responsabilidades quando se trata de resíduos têxteis.
Além disso, a investigação revela que até 40% das roupas usadas recebidas em países como o Quênia são classificadas como de “muito má qualidade”, o que coloca em xeque a utilidade da doação de roupas e desminta a crença popular de que essas doações são sempre bem-vindas.
O Greenpeace pede uma maior transparência e responsabilidade na gestão desses resíduos, além de medidas para garantir que as roupas doadas realmente ganhem uma segunda vida, em vez de serem descartadas de forma inadequada.