Uma ação coletiva na Justiça dos EUA acusa o Google de pagar à Apple para que seu serviço de busca seja o padrão dos dispositivos eletrônicos da maçãzinha. Atualmente o Google é o serviço preferencial nos iPhone, iPad e no navegador Safari, que vem instalado em praticamente todos os equipamentos da Apple.
Iniciada pela empresa California Crane School Inc, um tipo de escola para pilotos de escavadeiras, a ação alega que o Google e a Apple têm um acordo secreto de não-concorrência que viola as atuais leis antitruste estadunidenses.
No documento, os advogados da escola afirmam que os diretores-presidentes Tim Cook (Apple) e Sundar Pichai (Google) se encontram regularmente às escondidas para tratar sobre o repasse de uma parte dos lucros da gigante das buscas à dona do iPhone para que a Apple não lance um sistema próprio de buscas, de forma a evitar concorrência nesse mercado.
Quanto fica essa brincadeira?
Embora essa história pareça uma bomba, não é a primeira vez que ela vem à tona. Em 2020 o jornal “New York Times” revelou que as empresas tinham um certo tipo de acordo informal bilionário que garantia benefícios ao Google nos dispositivos Apple, com cifras assustadoras que poderiam chegar a R$ 68 bilhões (US$ 12 bilhões anualmente).
Em abril do ano passado, um analista de mercado da consultoria Bernstein mostrou que o gasto do Google com o acordo poderia ser ainda maior, na casa dos R$ 85 bilhões. Nunca confirmado pelas empresas, esses valores poderiam representar quase um quinto de todo o faturamento da Apple. O acordo já foi até mesmo objeto de investigação em autoridades de mercado no Reino Unido.
Segundo a ação coletiva na Justiça, o acordo ilegal resultaria no aumento do preço cobrado do Google pela publicidade em serviços como o Google Ads e comprometeria a competitividade de todo esse mercado nos EUA.
O processo pede que esse acordo seja encerrado, a parada imediata de repasses financeiros do Google à Apple, bem como a retirada do serviço do Google como padrão dos dispositivos da maçã.
A ação exige ainda que ambas as companhias sejam divididas em empresas menores, como já aconteceu no passado com uma gigante petroleira dos EUA, a Standard Oil Company, repartida em pelo menos seis concorrentes menores.
Mas afinal, por que uma escola de pilotos de escavadeiras entraria com esse processo como esse? De acordo com a ação coletiva, a California Crane School vem pagando anúncios ao Google por muitos anos para divulgar seus serviços a estudantes em potencial que usam o buscador, mas nos últimos anos notou uma inflação exagerada dos preços. Segundo o documento, um dos motivos seria o acordo secreto, a falta de concorrência e o monopólio do Google no mercado.
“Essas empresas poderosas abusam do seu tamanho, monopolizam e bloqueiam grandes mercados que poderiam ser livres, gerar muitos empregos, praticar preços menores, aumentar produção e adicionar novos competidores, o que encorajaria inovações e aumentaria a qualidade dos serviços na era digital”, diz o advogado Joseph M. Alioto que representa a escola na ação.
O que pode acontecer?
O site “MacRumors”, especializado na cobertura de notícias sobre a Apple, espera que a as companhias se defendam com o argumento de que o acordo financeiro exista sim, mas que as pessoas podem trocar livremente de buscador tanto no Safari quanto nos iPhone e iPad, escolhendo até mesmo concorrentes como o Bing, da Microsoft e o Yahoo Buscas.
A Apple ainda tem outra carta na manga, o serviço Applebot, que fornece sugestões de resultados de buscas da assistente virtual Siri.
FONTE: Tilt