Carina Pereira, ex-apresentadora do Globo Esporte de Minas Gerais, ganhou em 2ª instância a ação movida contra a Globo por assédio, sexismo e acúmulo de funções. A decisão da condenação em primeiro grau saiu em junho deste ano, mas a emissora recorreu.
A 9ª Turma do Tribunal do Trabalho de Minas Gerais, respeitou a primeira sentença e Carina deverá ser ressarcida com R$ 1,5 milhão. O processo não cabe mais recursos, porque os desembargadores Rodrigo Ribeiro Bueno, Weber Leite de Magalhães Pinto Filho e Maria Stela Álvares da Silva Campos, concluíram que Carina de fato sofria abusos na empresa e nenhuma atitude — por parte da Globo — foi tomada em defesa da ex-apresentadora.
“Assim, sendo incontroverso, repita-se, que a reclamante fez denúncias sobre os assédios morais sofridos no ambiente de trabalho, e, ainda, com base na prova oral colhida neste feito, conclui-se que a reclamada não tomou qualquer providência efetiva para apurar e solucionar os conflitos existentes no ambiente de trabalho e que prejudicaram a reclamante, trazendo-lhe dor íntima, sentimento de desvalia e desmotivação profissional”, diz parte da decisão.
Após quase sete anos no canal, ela foi demitida no final de 2019. Carina resolveu se pronunciar sobre o caso no começo do ano passado. Em seu perfil do Instagram, ela disse que sofreu por não ser do meio esportivo e principalmente por ser mulher.
“No começo eram piadinhas dos colegas, algum tratamento diferenciado porque eu não era dali, mas depois foi o meu chefe. Ele dizia: ‘Ah, a Carina consegue essa exclusiva porque é mulher, tem o que você não tem, oferece o que você não oferece…'”, começou.
Pereira seguiu dizendo que com o tempo os assédios pioraram, e ela não era a única no setor que sofria com os ataques.
“O que ele fazia comigo, ele fazia com outros colegas. A gente resolveu denunciar. Primeiro, a gente foi no RH. Não resolveu muito. Depois a gente fez uma denúncia na ouvidoria da empresa. Fui mudada de horário, de função. Para mim, as coisas pioraram Eu era a única mulher dessa galera que denunciou e sinto que fui a única prejudicada”, confessou.
De acordo com documentos acessados pelo Na Telinha, O juiz Rodrigo Bueno também foi contra o argumento de que a jornalista tinha trocado de setor (em 2019) graças a uma promoção que ocorreu em 2017.
“Ademais, a transferência da autora ocorreu exatamente no sentido das denúncias que ela fazia quanto ao preconceito de gênero, ou seja: ela saiu do Globo Esporte para o Bom Dia Minas. Desta forma, ficou comprovado que a reclamante foi vítima de assédio moral no trabalho e de preconceito de gênero, com reiteração da prática ao longo do tempo, culminando com a sua transferência de setor dentro da empresa.”