
AMAZONAS — Um sobrevoo recente entre os estados de Rondônia e Amazonas revelou um cenário preocupante: mais de 500 dragas estavam operando no rio Madeira, extraindo ouro de forma ilegal. As embarcações, alinhadas ao longo do rio, chamam atenção pelo volume e pela proximidade com áreas protegidas e terras indígenas.
A operação de monitoramento foi conduzida por uma equipe de pesquisadores que, desde janeiro, usa imagens de satélite para acompanhar o avanço do garimpo na região. O voo permitiu observar de perto como funcionam essas balsas, muitas vezes agrupadas em grandes blocos que chegam a bloquear a navegação de outras embarcações.
Em alguns pontos, a extração de ouro acontecia ao lado de unidades de conservação, o que agrava ainda mais o impacto ambiental. Além de destruir o leito do rio e liberar substâncias tóxicas na água, essas atividades ilegais ameaçam a segurança de quem depende do rio para se locomover ou trabalhar.
De acordo com os pesquisadores, o garimpo também afeta a vida das comunidades ribeirinhas. Muitas famílias acabam abandonando a agricultura e o extrativismo, e jovens deixam a escola em busca do chamado “sonho do ouro”, o que causa um desequilíbrio social profundo.
Durante quatro horas de voo, foram identificadas 543 dragas entre Porto Velho (RO) e Novo Aripuanã (AM), ao longo de 842 quilômetros de rio. Os dados reunidos serão encaminhados às autoridades ambientais e ao Ministério Público para que medidas sejam tomadas.
Entre julho de 2024 e julho de 2025, a Polícia Federal realizou quatro operações de combate ao garimpo ilegal no rio Madeira. Como resultado, 109 dragas usadas em atividades criminosas foram destruídas.
O avanço do garimpo na região mostra a urgência de reforçar o controle e a fiscalização, não só para proteger o meio ambiente, mas também para garantir os direitos e a segurança das populações que vivem às margens do rio.


