Finlândia põe fim à neutralidade e anuncia que pedirá adesão à Otan

Presidente Sauli Niinisto confirmou que seu país espera apresentar uma proposta formal de adesão à Otan nos próximos dias. (Foto: Getty Images)

LONDRES — A Finlândia vai solicitar formalmente sua adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos, em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia.

O anúncio foi feito pelo presidente e pela primeira-ministra do país, Sauli Niinisto e Sanna Marin, respectivamente, em entrevista a jornalistas no Palácio Presidencial, na capital finlandesa, Helsinque.

Ele ocorre um dia após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter descrito a iniciativa da Finlândia de abandonar sua neutralidade e se juntar à Otan como um “erro” em conversa telefônica com o presidente Niinisto.

O Parlamento finlandês deve votar nos próximos dias a proposta — mas a aprovação é considerada apenas uma formalidade.

“Na Finlândia, ainda temos o processo parlamentar pela frente, mas confio que o parlamento debaterá essa decisão histórica com determinação e responsabilidade”, disse Marin.

A Suécia deve fazer o mesmo nos próximos dias — pela proximidade, os dois países nórdicos demonstram temor de que possam ser os novos alvos de uma invasão russa após a Ucrânia — algo que Moscou já negou repetidamente. A Finlândia, especificamente, compartilha uma fronteira de 1,3 mil km com a Rússia.

A premiê finlandesa disse que não acha que deva haver obstáculos para seu país ingressar na Otan.

“Não tivemos nenhuma indicação na Otan de que haveria problemas para a adesão da Finlândia ou da Suécia”, disse Marin.

“Já estamos muito interligados e somos parceiros próximos da Otan”, acrescentou.

“Vimos algumas declarações de que ainda existem algumas questões, mas acho muito importante que tenhamos essas discussões com os países… de maneira muito calma e discutamos todas as questões que possam existir”.

Marin fazia alusão a notícias veiculadas na imprensa de uma aparente objeção da Turquia quanto ao ingresso da Finlândia e da Suécia na Otan — a Turquia é membro da aliança militar desde 1952.

No sábado, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse ser “inaceitável e ultrajante” que os possíveis novos membros apoiassem o grupo militante curdo PKK, que advoga pela independência do Curdistão, província separatista cujo território ocupa parte do sudeste da Turquia.