
MANAUS, AM — A Polícia Civil do Amazonas prendeu na manhã desta segunda-feira (19), em Manaus, Sophia Livas de Morais Almeida , 30 anos, suspeita de se passar por médica e realizar atendimentos médicos ilegais no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) , referência no atendimento pediátrico na capital amazonense.
De acordo com as investigações, Sophia atuava como cardiologista pediátrica , mas não possui formação em medicina. Ela foi detida durante uma atividade física em uma academia localizada no bairro Cachoeirinha, na zona Sul da cidade.
A prisão preventiva foi solicitada pela própria Polícia Civil e autorizada pelo juiz Fábio Lopes Alfaia no último dia 16. Além da ordem de prisão, também foi expedida uma ordem de busca e apreensão contra a suspeita.
As investigações tiveram início após uma denúncia anônima no início de maio, logo após a deflagração da Operação Hipócrates , que resultou na prisão de outro falso médico em abril deste ano.
Durante as apurações, os agentes identificaram um registro datado de janeiro deste ano, feito por uma verdadeira médica chamada Sophia — que também trabalha no HUGV — informando que seu nome estava sendo usado indevidamente para emitir atestados médicos falsos . Esses documentos eram utilizados como justificativa para ausências no trabalho, o que resultou na demissão de dois funcionários.
Na ocasião, a verdadeira médica prestou depoimento ao 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e alertou sobre a gravidade da situação:
“Meu nome estava sendo usado para atendimentos médicos de crianças, o que é gravíssimo, tendo em vista que algumas delas podem evoluir para óbito.”
Apesar de se apresentar nas redes sociais como “Dra. Sophia Livas — cardiologista pediátrica” , Sophia Almeida é formada em Educação Física pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e cursava mestrado em Ciências da Saúde. A informação foi confirmada pela instituição à polícia.
A suspeita chegou a participar de eventos médicos em Brasília e apareceu em entrevistas ao lado de autoridades, incluindo o deputado federal Fausto Júnior (União Brasil) , que teria sido enganado pela falsificação.
Uma professora da Faculdade de Medicina da Ufam, que concedeu entrevistas junto com Sophia em podcasts, relatou ter sido “usada” pela falsa médica e disse que a retirou de projetos acadêmicos ao descobrir que ela não era formada em medicina.
Outras testemunhas ouvidas pela polícia afirmaram que Sophia realizava atendimentos médicos e desconheciam sua condição real.
Os crimes atribuídos a Sophia incluem:
- Falsidade ideológica
- Charlatanismo
- Curandeirismo
- Exercício ilegal da medicina
- Falsificação de atestado médico
- Estelionato contra vulneráveis
A investigação prossegue para apurar quantas pessoas foram afetadas e se há outros envolvidos na fraude.


