Expedição científica no Amazonas investiga mercúrio, microplásticos e qualidade da água

O barco de pesquisa Roberto dos Santos Vieira passará 12 dias investigando a qualidade da água e os impactos ambientais.

MANAUS, AM – Uma nova expedição científica foi lançada na última sexta-feira (15) pelo Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do Estado do Amazonas (ProQAS/AM), com apoio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). A bordo do barco de pesquisa Roberto dos Santos Vieira, a equipe partiu do Rio Negro em direção a Humaitá, distante 590 quilômetros da capital, para uma missão de 12 dias que investigará a qualidade da água e os impactos ambientais, com foco especial em microplásticos e mercúrio.

Parcerias Estratégicas

O ProQAS/AM conta com o suporte de diversas instituições, incluindo a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o Ministério Público Estadual (MPAM), o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e a empresa Atem. Essa colaboração ampla reforça a importância do projeto como uma iniciativa estratégica para o futuro ambiental da região.

Gustavo Picanço, diretor-presidente do Ipaam, destacou o papel fundamental do instituto desde a concepção do programa. “O Ipaam foi o parceiro inicial desse projeto e acreditou desde o início na proposta de monitorar as bacias do Amazonas. Contribuímos com a construção do barco e parte dos equipamentos utilizados”, explicou. Ele ressaltou ainda que os dados coletados durante as expedições embasam as ações de fiscalização e preservação dos recursos hídricos do estado.

Mercúrio e Microplásticos: Focos da Pesquisa

Um dos principais objetivos da expedição é analisar os níveis de mercúrio nos rios, sedimentos e peixes consumidos localmente. O gerente de Recursos Hídricos do Ipaam, Daniel Nava, explicou que as amostras coletadas serão enviadas para laboratórios da UEA e da Universidade de Harvard. “Esses laboratórios são referências no estudo do mercúrio, um elemento altamente tóxico que representa sérios riscos à saúde pública. Compreender sua presença e impacto é essencial para proteger as populações locais”, afirmou.

Já os microplásticos estão sendo estudados pela pesquisadora Naiana Lopes Ramos, mestranda da Universidade de Genebra. Natural do Amazonas, ela alerta sobre a necessidade de conscientização sobre a separação e reciclagem de resíduos plásticos. “O plástico polui nossos rios, se decompõe nos oceanos e afeta ecossistemas inteiros. Precisamos agir agora para mitigar esses impactos”, disse.

Expansão para Outras Bacias

Coordenador do ProQAS/AM, o professor Sergio Duvoisin Junior destacou os próximos passos do programa. Além da atual expedição no Rio Madeira, a equipe planeja monitorar outras regiões, como o Rio Solimões, com uma etapa entre Manaus e Tefé já programada para o próximo mês. No entanto, ele ressaltou a necessidade de recursos para expandir o alcance do projeto. “Regiões como as bacias do Purus e do Juruá ainda não foram monitoradas por falta de verbas, mas temos equipes capacitadas para avançar”, afirmou.

Impacto e Transparência

Ao final das análises, os resultados serão disponibilizados ao público, conforme previsto no Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ao todo, 164 parâmetros de qualidade da água serão avaliados, e 30 deles, considerados prioritários, serão divulgados abertamente. Esses dados servirão como base para políticas públicas voltadas à preservação dos recursos naturais do Amazonas.

A expedição no Rio Madeira marca mais um passo rumo ao entendimento dos desafios ambientais enfrentados pela região amazônica. Com foco em problemas urgentes como a contaminação por mercúrio e a proliferação de microplásticos, o ProQAS/AM busca garantir um futuro sustentável para uma das áreas mais importantes do planeta.