
ATALAIA DO NORTE — Com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, o município amazonense de Atalaia do Norte enfrenta agora um novo fenômeno social: a rápida multiplicação de casas de aposta. Localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, a cidade tem visto uma movimentação intensa de moradores e indígenas, atraídos pela promessa de prêmios rápidos em bingos eletrônicos e apostas esportivas.
Embora, à primeira vista, o fluxo constante de apostadores traga dinamismo ao comércio local, especialistas alertam para um efeito colateral silencioso: a potencial dependência de jogos em populações vulneráveis. Com pouca presença do Estado, escassez de empregos formais e dificuldades no acesso a educação e saúde, a população de Atalaia encontra nas apostas uma falsa sensação de escape financeiro.
Para pesquisadores que acompanham o cenário amazônico, o risco é que o jogo se torne mais uma ferramenta de exploração em um território já historicamente negligenciado. O município, que ganhou notoriedade internacional após o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips em 2022, volta ao centro do debate — agora por uma explosão de apostas que, longe de trazer desenvolvimento real, pode aprofundar desigualdades.


