Ex-vereador de Manaus é preso por tumulto e falsidade ideológica na Redenção

O ex-parlamentar apresentava sinais de embriaguez e provocava tumulto no local.

MANAUS, AM – O ex-vereador de Manaus, Nelson Cavalcante Campos, de 72 anos, protagonizou uma cena que misturou melancolia e desordem na noite da última quarta-feira (30), ao ser preso em um posto de combustíveis no bairro Redenção, zona Oeste da capital. Conhecido como “Nelsinho Vereador”, ele apresentava sinais de embriaguez e, segundo policiais da 17ª Cicom, causava tumulto enquanto alegava, repetidamente, ainda ser autoridade.

Durante a abordagem policial, Nelsinho apresentou uma carteira funcional antiga, na tentativa de validar sua suposta influência. O que seria apenas uma ocorrência por desordem pública ganhou contornos mais graves quando os policiais identificaram um mandado de prisão em aberto por falsidade ideológica. Ele foi conduzido ao 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde permanece à disposição da Justiça.

Nelsinho Campos fez história na política manauara como vereador por dois mandatos (1993–1996 e 1997–2000), com atuação destacada nas zonas periféricas da cidade, especialmente na Praça 14 de Janeiro. Carismático e popular, criou a rede “Amigos do Nelsinho” — uma estratégia informal de fidelização política com direito a carteirinhas personalizadas distribuídas à população.

Depois de anos afastado da cena política, tentou ressurgir em 2014 como candidato a deputado estadual com apoio do então governador José Melo, mas não conseguiu votos suficientes. Desde então, manteve-se fora dos holofotes, até o episódio que o reconduziu às manchetes, agora não pela força política, mas por um ato que escancara sua fragilidade emocional.

A imagem do ex-parlamentar sendo escoltado por policiais diz mais que uma simples infração. Revela o drama humano de um homem que não soube — ou não conseguiu — se despedir do poder. Aos 72 anos, Nelsinho parece viver prisioneiro de um tempo que já não lhe pertence, onde sua identidade política resiste à erosão do presente. O caso levanta reflexões sobre os efeitos do ostracismo político e os limites entre vaidade, delírio e dignidade na trajetória de figuras públicas que perderam o palco, mas não o personagem.