Ex-diretor do Louvre é investigado por tráfico de antiguidades

Jean-Luc Martinez é acusado de ser cúmplice na compra de obras saqueadas do Egito durante a Primavera Árabe. — FOTO: Bertrand Rindoff Petroff/Getty Images

PARIS — O ex-diretor do Museu do Louvre, Jean-Luc Martinez, está sendo investigado pelo envolvimento em um esquema de tráfico de antiguidades do Egito, reportou a agência de notícias French Press nesta quinta-feira, 26. De acordo com a publicação, Martinez entrou para a lista de suspeitos na quarta-feira 25, após ser interrogado sobre obras que as autoridades desconfiam ter sido saqueadas durante a Primavera Árabe, entre 2010 e 2012.

O caso foi aberto em 2018, dois anos depois que a filial do Louvre em Abu Dhabi comprou uma peça de granito rosa retratando o faraó Tutancâmon e outras quatro obras históricas por 8 milhões de euros. Martinez, que comandou o museu de 2013 a 2021, é acusado de cumplicidade na ocultação da origem de obras, que teriam sido obtidas criminalmente, aponta uma fonte judicial. O ex-diretor teria fechado os olhos para certificados falsos que atestariam a origem legal das peças, uma fraude que pode envolver outros especialistas do mercado da arte, aponta um relatório do jornal investigativo Canard Enchaine.

De acordo com o veículo, os especialistas franceses que certificaram a granita de Tutancâmon são os mesmos que atestaram a legitimidade do caixão dourado do padre Nedjemankh, comprado pelo Metropolitan Museum of Art de Nova York em 2017. Na ocasião, após uma série de investigações, a instituição revelou ter sido vítima de declarações falsas e documentações forjadas, e anunciou a devolução da peça ao Egito. Os investigadores suspeitam, agora, que centenas de artefatos tenham sido saqueados durante os protestos da Primavera Árabe e vendidos posteriormente para galerias e museus.