EUA testemunham e Reino Unido debate direito ao fim assistido

Wayne, um paisagista, e Stella, uma professora primária, construíram uma vida de aventuras ao ar livre com seus filhos.

CALIFÓRNIA, EUA — Em uma manhã ensolarada em San Diego, Califórnia, a residência de Wayne Hawkins, 80 anos, tornou-se o epicentro de um debate global sobre o direito à morte assistida. Diagnosticado com doença terminal, Wayne, ao lado de sua esposa Stella e dos filhos Emily e Ashley, preparava-se para exercer sua escolha, amparado pela legislação local. A decisão de Hawkins de compartilhar suas últimas horas lança um olhar íntimo sobre uma prática controversa, enquanto parlamentares britânicos se preparam para votar um projeto de lei que poderia legalizar a morte assistida na Inglaterra e no País de Gales, permitindo que pacientes em condições semelhantes tivessem a mesma opção.

Acompanhado por familiares e pelo Dr. Donnie Moore, médico de uma clínica especializada em morte assistida, Wayne seguiu os protocolos legais californianos. Após tomar medicação para evitar náuseas, reafirmou sua convicção na decisão tomada semanas antes. A cena, marcada por um misto de serenidade e emoção contida, culminou com a ingestão da mistura letal de sedativos e analgésicos, preparada para garantir uma partida pacífica. A incerteza sobre o tempo exato para a morte pairava no ar, enquanto memórias da vida de Wayne, um paisagista apaixonado pela natureza, preenchiam o silêncio da espera.

A escolha de Wayne Hawkins ecoa a luta de muitos que enfrentam o sofrimento incurável e a perda de dignidade. Sua história reacende o debate sobre a autonomia do paciente e o direito de decidir sobre o próprio fim, uma questão que divide opiniões tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido. Enquanto o projeto de lei britânico avança, com salvaguardas propostas para garantir a capacidade mental e a convicção do paciente, vozes se levantam em defesa dos cuidados paliativos e alertam para os riscos de uma “coerção silenciosa” sobre os mais vulneráveis.

Às 12h22, a notícia da partida de Wayne Hawkins trouxe um misto de dor e alívio. Do lado de fora, o canto de um pássaro silenciou, enquanto no interior, o abraço apertado de Stella em seus filhos selava um momento profundamente pessoal. A experiência de testemunhar esse processo íntimo na Califórnia lança uma luz sobre o que poderá se tornar uma realidade para muitos no Reino Unido, um tema que inevitavelmente evoca reflexões sobre a vida, a morte e o direito de cada indivíduo de trilhar seu próprio caminho final.