Decisão afeta o acesso a métodos contraceptivos em países pobres.
EUA — Contraceptivos financiados pelos Estados Unidos no valor de US$ 9,7 milhões estão sendo enviados da Bélgica para a França para serem incinerados. A decisão ocorre após Washington rejeitar ofertas da ONU e organizações de planejamento familiar para salvar os suprimentos.
Os produtos estão presos há meses em um depósito em Geel, na Bélgica, desde a decisão do presidente Donald Trump de restringir a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Entre os itens estão pílulas, implantes e dispositivos intrauterinos.
O governo americano gastará US$ 160 mil para incinerar os estoques em uma instalação francesa especializada em resíduos médicos. O Departamento de Estado dos EUA não comentou sobre as negociações para salvar os contraceptivos da destruição.
Parlamentares americanos apresentaram projetos de lei para impedir a destruição, mas organizações de ajuda consideram improvável que sejam aprovados a tempo. O Ministério das Relações Exteriores da Bélgica afirmou ter explorado todas as opções para evitar o descarte.
“Apesar dos esforços, nenhuma alternativa viável pôde ser garantida. A Bélgica continua buscando soluções para evitar esse resultado lamentável”, declarou o governo belga em comunicado à Reuters.
A MSI Reproductive Choices se ofereceu para pagar reembalagem e transporte dos suprimentos, mas teve a oferta recusada. Sarah Shaw, diretora da organização, afirmou que o governo dos EUA exigiu venda pelo valor total de mercado.
“Isso claramente não tem a ver com economia de dinheiro. Parece mais um ataque ideológico aos direitos reprodutivos”, criticou Shaw. A agência da ONU UNFPA também tentou comprar os anticoncepcionais, mas as negociações foram interrompidas.
Fontes indicam que a decisão está ligada à política da Cidade do México, também chamada de “Regra da Mordaça Global”. O pacto antiaborto restabelecido por Trump proíbe contribuições a organizações que oferecem acesso a abortos.