Nos últimos anos, o mercado de produtos voltados para animais de estimação vem ganhando força no Brasil, e só no último período o crescimento já chega a 12%, conforme números do Instituto Pet Brasil. Esse cenário tem despertado ideias criativas, inclusive dentro das escolas técnicas do interior do país.
Foi em Itororó, no Médio-Sudoeste baiano, que dois jovens estudantes decidiram transformar uma planta bastante conhecida na medicina popular em uma possível aliada contra parasitas que atingem cães e gatos. Maria Luiza Fontes e João Lucas dos Santos, ambos do curso técnico em agropecuária, desenvolveram uma fórmula à base de melão-de-são-caetano para combater carrapatos, pulgas e ácaros.
O trabalho contou com a orientação da engenheira agrônoma Thayane Gonçalves. Segundo ela, o ponto de partida foi a curiosidade sobre os usos já tradicionais da planta. “Sempre soubemos que ela era empregada como remédio caseiro em humanos. Mas, com o aprofundamento da pesquisa, descobrimos também sua ação contra ectoparasitas”, explica.
João Lucas lembra que a ideia começou ainda em 2023, quando observou a frequência de infestações na região onde mora. “No início, eu e Alexandre pesquisávamos sobre a planta apenas por ser medicinal. Depois, percebemos que poderia ter efeito carrapaticida, e foi aí que surgiu o projeto”, conta.
A entrada de Maria Luiza no time veio pouco tempo depois. Ela foi convidada por João após se destacar em uma apresentação escolar. “Ele me chamou e aceitei sem pensar duas vezes”, diz, sorrindo.
O projeto chamou a atenção de especialistas. Para a médica veterinária e professora da Universidade Federal da Bahia, Rosa Uzêda, a proposta tem futuro. “O uso do melão-de-são-caetano nessa perspectiva é bastante interessante e abre portas para alternativas promissoras”, avalia.
De uma simples curiosidade estudantil, nasceu um trabalho que pode se transformar em solução inovadora para a saúde animal — e, quem sabe, um novo produto dentro de um setor que não para de crescer.
