Entenda o que levou o preço do combustível a subir tanto nos últimos tempos

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A escalada de preços da gasolina ficou impossível para o Theo. Foram mais de quatro anos como motorista de aplicativo. Agora, decidiu que compensa mais deixar o carro na garagem.

“Passei a não tirar o dinheiro para pagar o carro. Você roda muito e não tira o dinheiro. Acaba não compensando de jeito maneira, de jeito nenhum conseguia esse valor”, afirma o comerciante Theo Costa dos Santos.

Semanas e semanas somando reajustes fazem com que a gasolina já acumule alta de 27,51% de janeiro a julho, segundo o IPCA. É bem mais do que a inflação medida no período: 4,76%. E as causas de tanto aumento não perdem força.

A conta para calcular o preço da gasolina na bomba é complexa. Começa com o preço de produção, que é aquele cobrado pela Petrobras nas refinarias. É a maior parcela na composição do preço final e tem a ver com o valor do petróleo no mercado internacional. E aí começam os problemas.

O barril está supervalorizado, porque quando a pandemia começou, os países que mais exportam petróleo reduziram a produção. Não tinha demanda. E, na época, diminuir a oferta foi um jeito de não deixar o preço do barril cair muito. Agora, com as atividades voltando, a procura aumentou, mas a produção não. O que tem para comprar fica mais caro. Para gente, ainda mais, já que a cotação é em dólar.

“O momento em que a gente vive, a conjuntura econômica brasileira, fizeram com que a gente tivesse uma taxa de câmbio que subisse demais nos últimos tempos. Hoje, a gente tem um real muito desvalorizado frente ao dólar. Mas quando a gente converte esse valor do barril de petróleo para o poder de compra do brasileiro é muito caro porque o real está comprando muito menos dólar do que antes”, explica Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.

Na formação do preço da gasolina tem também o custo do etanol, que obrigatoriamente precisa ser adicionado à gasolina. O etanol também está em alta porque os produtores têm preferido usar a cana para fazer açúcar, que está valendo muito lá fora.

Na conta, ainda entram os custos e as margens de lucro de distribuidores e revendedores, e os impostos: federais e o ICMS, que é estadual.

As alíquotas do ICMS, que variam de um estado para o outro, não mudaram. Só que elas são cobradas em cima da expectativa de preço na bomba. Assim, quando a Petrobras anuncia um aumento na refinaria, por exemplo, essa expectativa sobe e o imposto também. Mas os especialistas dizem que reduzir a alíquota não acaba com a escalada de preços.

“A culpa de subir foi do petróleo. Você poderia ter baixado se o câmbio tivesse apreciado ou diminuído os impostos. Mas, diminuir os impostos numa hora tão complicada como agora é pedir muito para os governos estaduais, principalmente que estão tendo uma carga grande de gastos aí com vacinação, questões aí, agora também tem que abrir as escolas… Então, você vai acabar sacrificando com despesas mais importantes para subsidiar preço de gasolina”, afirma Marcelo Kfury Muinhos, professor de economia da FGV-SP. As informações são do G1.