
EUA — A Trump Media & Technology Group (TMTG), empresa de mídia do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, entrou com uma ação judicial contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, Alexandre de Moraes, acusando-o de censurar vozes conservadoras nas redes sociais. O processo, protocolado em um tribunal federal na Flórida nesta quarta-feira (19/2), foi revelado pelo *The New York Times* e confirmado pela BBC News Brasil. A TMTG, ao lado da plataforma Rumble, argumenta que as decisões de Moraes violam a Primeira Emenda da Constituição americana, que protege a liberdade de expressão.
Segundo a empresa, o ministro teria ordenado a remoção de contas de comentaristas de direita brasileiros baseados nos EUA, incluindo o ex-colunista da Jovem Pan Paulo Figueiredo. Os advogados afirmam que, desde 2022, quase 150 contas críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram suspensas, incluindo legisladores conservadores, jornalistas e artistas. Embora a TMTG não esteja diretamente sujeita às ordens de Moraes, ela alega que utiliza tecnologias da Rumble e poderia ser afetada. A ação pede que a Justiça americana declare inválidas as ordens de Moraes e proíba empresas como Apple e Google de remover aplicativos relacionados ao Rumble.
O processo ocorre horas após a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciar criminalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Paulo Figueiredo e outras 32 pessoas por suposta organização criminosa com objetivo de promover uma ruptura democrática após as eleições de 2022. Bolsonaro nega as acusações e vê no possível retorno de Trump à Casa Branca uma oportunidade de reverter o cenário político no Brasil. Já Figueiredo, radicado na Flórida, tem liderado esforços para mobilizar apoio no Congresso dos EUA contra decisões do STF, incluindo a reintrodução de um projeto de lei para cassar vistos de agentes públicos acusados de censura.
Até o momento, Moraes e o STF não se manifestaram sobre o caso. A disputa amplifica debates globais sobre os limites da jurisdição nacional em plataformas internacionais e coloca em xeque questões complexas de soberania digital e liberdade de expressão. Enquanto isso, aliados de Bolsonaro e Trump exploram parcerias jurídicas e políticas para contestar decisões do STF, transformando o caso em mais um capítulo da polarização política transnacional.