Em meio à crise e sem oposição, venezuelanos elegem vereadores

Já se espera um baixo índice de participação no pleito para eleger os vereadores na Venezuela. © Marco Bello/Reuters

Cerca de 20,7 milhões de venezuelanos, de um total de 30,6 milhões, estão habilitados para eleger 2.459 vereadores em 335 câmaras municipais neste domingo. A eleição acontece a menos de um mês de o presidente Nicolás Maduro assumir um segundo mandato (2019-2025).

Com essa eleição, o chavismo espera fortalecer seu controle institucional. Principalmente em razão da exclusão dos partidos de oposição, considerados inaptos pelo órgão eleitoral para participarem da disputa, em meio a profundas divisões entre os setores políticos contrários ao presidente.

No entanto, o pleito não parece mobilizar a população e já se espera um baixo índice de participação. Os venezuelanos continuam muito mais preocupados com a crise que enfrenta o país, com falta de alimentos e uma inflação galopante que deve atingir 1 350 000% até o final deste ano, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Filas nos consulados em busca de visto

A prova desse desengajamento político pode ser vista nas portas dos consulados de Caracas, onde os venezuelanos continuam fazendo filas na tentativa de obter um visto para deixar o país. “Não vivemos mais na Venezuela. Sobrevivemos! Deixar o país não é um capricho de ricos, e sim uma necessidade” se revolta a arquiteta Lucy, que espera há seis meses por um visto chileno. “Apesar de ter trabalhado muito este ano, não consigo pagar meu aluguel ou comprar comida”, explica a venezuelana.

A maioria dos moradores tenta fugir para países vizinhos, muitas vezes de forma ilegal, mas alguns têm a esperança de migrar para a Europa. É o caso de Alejandro, filho de espanhóis que tenta obter um passaporte europeu. “Tem muitos pedidos nesse momento e a coisa deve piorar. Eu ouço diariamente amigos ou pessoas próximas da minha família dizendo que estão se preparando e pretendem deixar o país no ano que vem”, relata. “Eu nunca pensei sair da Venezuela, mas diante da situação atual não tenho escolha. Mas espero que não seja para sempre”, explica.

Por RFI