Para os indígenas Sateré-Mawé, o mel é alimento, fonte medicinal e possibilidade de diversificação de renda nas aldeias. Para aumentar a produção e coleta do precioso líquido, membros da etnia que vivem na região de Maués, estado do Amazonas, estão recebendo assessoria técnica para o manejo de abelhas nativas sem ferrão. O Instituto Mamirauá esteve, entre os dias 27 e 29 de março, na aldeia Ilha Michilles para mais uma capacitação.
Localizada na Terra Indígena Andirá-Marau, a cerca de 350 km da capital Manaus, a comunidade Sateré-Mawé sediou a “Oficina de Fortalecimento das Práticas dos Criadores e dos Agentes Monitores/Multiplicadores no Manejo das Abelhas Nativas”.
Essa é a segunda vez que o Instituto Mamirauá realiza uma atividade em manejo de abelhas na região. Em julho de 2017, com a parceria do Slow Food Brasil, foi realizado um curso para indígenas de Ilha Michilles e aldeias vizinhas com foco na meliponicultura, que é a criação de abelhas sem ferrão.
O técnico do Instituto Mamirauá, Jacson Rodrigues, explica que a programação da oficina foi planejada para “reforçar e ampliar informações, práticas e conhecimentos compartilhados no curso do ano passado e assim dar seguimento ao manejo de abelhas nativas na Terra Indígena”.
Cerca de quinze famílias estiveram representadas nessa oficina. No conteúdo, a teoria e dinâmicas sobre a metodologia do manejo, como a confecção e revisão de caixas-colmeias, boas práticas da coleta do mel e características do produto.
“Foi reforçada a importância de coletar o mel no tempo e da maneira certa, atentando para a questão da qualidade para consumo e possível comercialização do mel”, afirma o técnico do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
As capacitações do Instituto Mamirauá para o manejo de abelhas sem ferrão contam com apoio da Fundação Gordon and Betty Moore.
Indígenas unidos para a produção de mel
Além da oficina, o trabalho do Instituto Mamirauá em Maués também incluiu visita a aldeias indígenas da região com caráter de assessoria técnica. Acompanhados de membros da etnia com interesse em se tornar referência no apoio ao manejo de abelhas na região, os técnicos do Instituto foram até famílias que querem começar o trabalho de criação de abelhas. “Assim, os Sateré-Mawé poderão contar com uma assessoria local”, diz o técnico José Carlos Campanha.
Para José Carlos, foi sensível “o sentido de união entre as aldeias Sateré-Mawé no trabalho do manejo de abelhas. Houve indígenas que queriam participar do curso, mas não tinham caixas, nem abelhas para começar, então houve uma mobilização, depois do primeiro curso realizado em Michilles, para ajudar essas pessoas dar início a criação”.
Tu´isa (como é chamado o líder na língua materna da etnia) da aldeia Michilles, Josibias Alencar dos Santos conta que por onde se andam nas comunidades, é possível ver o resultado positivo da capacitação. “Os manejadores de abelhas já estão conseguindo multiplicar, desenvolver as atividades por eles mesmos, isso é resultado do trabalho, então eu agradeço a toda equipe do Instituto Mamirauá que vem somando para o desenvolvimento do manejo de abelha aqui na nossa região”, afirma. Texto: João Cunha