‘Doença não marca dia’, diz cacique Raoni que teve alta neste sábado

Equipe médica afirma que quadro de Raoni está controlado e que ele não corre mais riscos. ─ Foto: Diego Oliveira/Hospital Dois Pinheiros

O líder da etnia Kayapó, cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, internado há nove dias em um hospital de Sinop e recebeu alta neste sábado (25), às 14h (15h no horário de Brasília). Ele saiu do hospital em uma ambulância, onde foi levado para o aeroporto do município.

Raoni irá voltar para a aldeia Metuktire, onde mora, por um avião disponibilizado pelo governo do estado do Mato Grosso.

O cacique tratava de infecções no intestino no Hospital Dois Pinheiros, em Sinop, a 503 km de Cuiabá.

O médico responsável pelo tratamento, Douglas Yanai, informou que o líder indígena continuará com acompanhamento nutricional na própria aldeia. As infecções, segundo o médico, estão controladas.

“Decidimos dar alta a ele neste sábado, pois mantê-lo por um período exagerado dentro do hospital também é submete-lo a riscos”, disse o especialista.

Em entrevista coletiva realizada neste sábado, o cacique disse que está feliz pela recuperação e pelo apoio recebido durante o tratamento.

“Doença chega a qualquer dia e ataca alguém da nossa família. Queria que todas as pessoas pensassem nisso, respeitassem e amassem o outro. Devemos amar uns aos outros, doença não marca dia” – Cacique Raoni
Raoni tratava de infecções no intestino no Hospital Dois Pinheiros, em Sinop, a 503 km de Cuiabá. Apesar de ainda estar debilitado, a unidade de saúde informou que o indígena está sendo preparado para voltar para casa.

O médico responsável pelo tratamento, Douglas Yanai, disse que seu quadro está controlado e que ele não corre mais riscos.

“Chegou em um estágio preocupante. Havia risco de vida, fizemos a estabilização, o reidratamos e realizamos duas transfusões de sangue”, explicou o especialista.

INTERNAÇÃO

Raoni Metuktire foi internado em um hospital de Colíder, no dia 16 após passar mal. Já no dia 18 ele foi transferido de avião para Sinop após complicações gastrointestinais e desidratação.

Segundo a direção do Instituto Raoni, o cacique apresentou um quadro depressivo após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, no dia 23 de junho, há um mês. Ela tinha diabetes e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

HISTÓRICO

O líder indígena é reconhecido internacionalmente pela luta que articula pelos povos indígenas. Em 1989, ele teve um encontro histórico com o cantor Sting durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA).

Os dois se reencontraram em 2009 na cidade de São Paulo para conversar sobre a construção da Usina de Belo Monte.

Em novembro de 2012, Raoni foi recebido pelo presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu. Na ocasião, o cacique pedia a preservação da Amazônia e dos povos que vivem na região.

No ano passado, Raoni foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de “peça de manobra” usada por governos estrangeiros para “avançar seus interesses na Amazônia”.

A declaração ocorreu após o cacique se encontrar com o presidente da França, Emmanuel Macron, em busca de apoio para a defesa da Amazônia.

FONTE: G1