
MANAUS — Na manhã desta segunda-feira (28), a defesa dos quatro policiais civis acusados de estuprar uma mulher indígena em Santo Antônio do Içá (distante 880 km de Manaus) realizou coletiva para rebater as acusações. A advogada Viviane Batalha Cacau, também indígena da etnia Kokama, afirmou que seus clientes são inocentes e que a vítima estaria usando a situação para obter benefícios, já que foi condenada anteriormente por participação em homicídio.
Durante a entrevista, a defensora questionou a credibilidade da vítima, sugerindo que ela estaria mentindo. “Ela não é ingênua. Sabe que qualquer declaração contra os policiais pode beneficiá-la”, declarou Viviane, que já conhecia os acusados antes do caso. A advogada criticou ainda a repercussão midiática, afirmando que a prisão dos policiais foi decretada mais pela pressão pública do que por provas concretas.
Contudo, exames periciais realizados no Instituto Médico Legal (IML) confirmaram que a indígena sofreu violência sexual repetida durante os nove meses em que ficou detida. Os laudos apontam marcas de mordidas, lesões genitais graves e um quadro de hemorroidas agudas, compatíveis com abusos sistemáticos.
Apesar das evidências, a defesa mantém a tese de que não há provas suficientes para condenar os policiais. “Eles estão tranquilos e confiam que a verdade vai aparecer”, afirmou Viviane, destacando o prejuízo causado pela exposição das imagens dos acusados na mídia.
O Ministério Público do Amazonas, por outro lado, considera as provas robustas e suficientes para manter os policiais presos. O caso continua em investigação, com prazo de 45 dias para conclusão do inquérito. Enquanto isso, a vítima recebe proteção do governo estadual, e organizações de direitos humanos acompanham o desfecho.


