Covid-19: Pais tiram filhos de escolas particulares e matriculam na públicas

Levantamento do Sinepe identificou que perto de 30% dos contratos com escolas particulares foram cancelados em 2020. Grande parte teria transferido filhos para escolas públicas

Uma média de 20% a 30% dos pais cancelou a matricula dos filhos em escolas particulares ao longo do ano passado, por conta da pandemia do novo coronavírus, foi o que revelou um levantamento feito pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Amazonas (Sinepe-AM). A pesquisa de forma quantitativa foi realizada com instituições particulares associadas à entidade.

De acordo com o assessor jurídico do Sinepe-AM, Rodrigo Melo, a quantidade de cancelamento de contratos com escolas particulares devido a Covid-19, no ano passado, não quer dizer que os alunos deixaram de estudar em 2020, ou seja, não significa que houve evasão escolar.

“O que a gente encontrou no ano de 2020 foi um cancelamento em média de 20% a 30% dos contratos com as escolas particulares ao longo da pandemia, o que não denota uma evasão escolar pura e simples por que eles podem ter ido para outra instituição ou até ido para a rede pública de ensino”, explicou.

Até essa segunda-feira (1º), Rodrigo Melo comentou que 40% das matriculas em escolas particulares permaneciam em aberto, ou seja, ainda não foram efetivadas para o ano letivo de 2021.

“A migração da rede privada para a pública não representa uma preocupação para o Sindicato, a nossa maior preocupação, na verdade, é que ocorra a perda do ensino. A grande preocupação é de que essas crianças permaneçam matriculadas, por que já foi mais do que provado no mundo inteiro que o contato com a escola é fundamental, seja pelo modo remoto ou híbrido”, afirmou.

A respeito do retorno as aulas este ano, ele concorda que o momento é favorável apenas para aprendizagem remota, à distância. “Em nenhum momento nós quisemos forçar o retorno, ninguém quis antecipar nada, tanto é que nós estávamos no 4º ciclo de reabertura das atividades essenciais no ano passado. Aproveitamos esse período para reforçar os cuidados nas escolas particulares, tanto é que não tivemos proliferação de Covid-19 em nenhuma instituição associada”.

“E com relação ao decreto, nós entendemos a crise que a nossa cidade passa, o colapso da rede pública, o temor dos pais, e aqueles que tem o direito de informar que nós devemos voltar, nós voltaremos com o presencial, enquanto isso, nós permaneceremos no ensino remoto”, finalizou.

Evasão escolar na Rede Municipal de Ensino

A Secretaria Municipal de Educação (Semed-Manaus) informou à reportagem que em 2020, de acordo com dados preliminares, 77,3 % dos mais de 240 mil alunos matriculados na rede municipal de ensino estiveram engajados no projeto “Aula em Casa”.

O órgão afirmou ainda que com as aulas presenciais suspensas, por conta da pandemia do Novo Coronavírus, acompanhou o engajamento de alunos e professores no ensino remoto e desenvolveu atividades de apoio e suporte, como a entrega de atividades impressas e a arrecadação de aparelhos eletrônicos, por meio da campanha “Nem Um a Menos”, para alunos que não tinham televisão, celulares ou tablets para acompanhar o “Aula em Casa”.

Além disso, a secretaria afirmou em nota que realizou um trabalho de busca ativa por meio dos Centros Municipais de Atendimento Sociopsicopedagógico (Cemasp), que junto com as escolas, foram até a casa dos alunos com a intenção de auxiliar estes estudantes, a fim de que os mesmos voltassem a estudar.

“A Secretaria entende que a pandemia interferiu na participação dos alunos durante as atividades on-line, nem todos conseguiram acompanhar as aulas 100%, porém, reforça que seguirá desenvolvendo ações para resgatar esses estudantes, para não deixar ninguém para trás”, finalizou a Semed, por meio de comunicado.

A reportagem solicitou dados de evasão escolar referente ao ano de 2020 à Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc), no entanto, até o fechamento desta matéria não obteve posicionamento do órgão.

FONTE: A CRÍTICA