Coronavírus pode ter entrado no Brasil por Manaus, afirma Mandetta

A tese seria comprovada, segundo o ex-ministro, quando for feita o inquérito sorológico na população manauara.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta acredita que o coronavírus entrou no Brasil por Manaus. A afirmação foi feita em entrevista à jornalista Leda Nagle, em seu canal do Youtube. “O pessoal de Manaus viaja para Miami, porque é perto, e para a China, onde a Zona Franca faz negócios”, avalia. “Manaus terá mais anticorpos que o resto do Brasil”, disse.

A tese seria comprovada, segundo o ex-ministro, quando for feita o inquérito sorológico na população manauara. Isso mostrará quantos por cento da população tem ou teve o vírus. “Vai voltar para o período de normalidade porque as pessoas terão adquirido imunidade”, disse.

O ministro disse que a pandemia terá 27 semanas no Brasil. Junho, segundo ele, seria o pico. Setembro é a hora da saída. “Depende de cada cidade. O Brasil é um continente. Vamos ter cidades que vão passar primeiro e cidades que vão passar depois. Hoje, o epicentro está deslocando de Manaus para Belém”, disse.

A afirmação do ex-ministro vem ao encontro de um vídeo, distribuído em redes sociais, mostrando a sala rosa do SPA do Alvorada vazio. A unidade de saúde foi uma das que colapsou, no auge da crise. Pacientes, em desespero, tentavam buscar atendimento e não conseguiam. A secretária estadual de Saúde, Simone Papaiz, reconheceu que grande número de funcionários infectados estava complicando as coisas na unidade.

Cloroquina

A capital amazonense foi lembrada também por conta das mortes em casa e que podem ter sido provocadas, segundo ele, por cloroquina. “Manaus teve um dia que morreram 40 pessoas. A arritmia pode te levar à morte súbita, dormindo. Os médicos estão com receio de prescrever. O problema é que politizaram a cloroquina. A gente tem que colocar a ciência como nosso pilar”, acrescentou. Os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump defenderam a substância como “o remédio” contra a pandemia.

Anticorpos

O pico de mortes em Manaus, que provocou imagens duras, como as covas coletivas, serviu como argumento para a tese do ex-ministro. “Se você ver o Rio Grande do Sul, onde o vírus praticamente não chegou, o número de casos é baixíssimo”, disse. Isso significa que outras cidades brasileiras ainda podem viver cenário semelhante.

Mandetta comentou a saída do ministro Nelson Teich. “Acho que ele deveria ter usado mais a equipe. Vi que ele ganhou companhia do Exército, mas o Exército tem pouca experiência com SUS. Eu tinha apoio de instituições de todo o País, como o Evandro Chagas, no Pará, e o Instituto de Medicina Tropical, de Manaus. Ele desmontou toda a equipe, do motorista ao porteiro”, criticou.

O ex-ministro lembrou que a cloroquina é usada em Manaus para combater a malária. “É um princípio antigo, usado desde a gripe espanhola”, afirmou. “A China usou, mas os primeiros trabalhos científicos sobre a doença só aconteceram quando a doença chegou à Europa”, disse.

Os diversos outros remédios usados contra a Covid-19 foram analisados por Mandetta. “É o uso compassivo, aquele uso ainda não comprovado”, disse. “O efeito colateral da cloquina é a arritmia cardíaca. A gente quer proteger pacientes de 60, 70 anos de idade e eles são os que mais fazem arritmia. Jovens não sentem isso”.

FONTE: PMS