Com um mês da morte de Bruno e Dom, entidades pressionam por investigação

VALE DO JAVARI — Um mês após a morte do indigenista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Philips, entidades de proteção ao meio ambiente e preservação da região do Vale do Javari — um dos locais mais violentos da Amazônia Legal por estar localizada em uma tríplice fronteira com presença do narcotráfico — tornaram público um vídeo com o áudio de Bruno, no qual ele explica a situação de conflito constante que enfrentava no trabalho.

“Tem muita coisa acontecendo lá, o garimpo está violento, no entrono da terra indígena, muito próximo dos isolados do Jandiatuba. A equipe de vigilância da Univaja, a EVU, fez bons trabalhos, mas é isso, a tentativa de perseguir e intimidar, não sou só eu que estou tomando essas [providências]”, disse o indigenista a Survival International, dias antes de realizar a última viagem na região.

A entidade compartilhou a mídia para chamar a atenção de que o caso vai além do assassinato: “Embora os supostos assassinos de Bruno e Dom estejam sob custódia, é preciso investigar e punir os executores e os possíveis mandantes do crime”, defendem.

Homenagem

A União do Vale do Javari (Univaja) divulgou uma homenagem aos dois profissionais que foram assassinados defendendo a região. “Fica registrado conosco, nossos laços de amizade, a parceria construída aos longos dos anos em que o Bruno pôde estar conosco. Deixando seu legado de profissionalismo, dedicação, lealdade aos preceitos institucionais e o amor a causa dos povos indígenas. Legado este que fica em cada um de nós para continuarmos a luta”, disseram. “A ausência, a partida do Bruno é um espaço vazio que sempre carregaremos conosco nas realizações dos nossos planos e dos sonhos de proteger os direitos dos nossos povos”, continuaram.

Ainda na carta, lembraram algumas práticas indígenas realizadas pelo indigenista com frequência no convívio com os povos do vale. “Que os espíritos da natureza narradas pelos cânticos do Marinawá, os jenipapos benzidos pelos curandeiros Marubo que você sempre participava”, lembraram. “Que você esteja um bom lugar”, desejaram.