O candidato ao Planalto do PDT, Ciro Gomes, acusou nesta sexta-feira (17) o PT de explorar a boa vontade da população brasileira ao insistir no discurso de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será candidato neste ano ao Palácio do Planalto.
“A burocracia do PT tenta explorar a justa gratidão de muita gente com o Lula, inventando que ele é candidato só para explorar a boa vontade do povo, que terá amanhã uma grande decepção, porque todas as pedras no caminho sabem que não vão permitir que ele seja candidato”, disse, ao se referir ao enquadramento de Lula na Lei da Ficha Limpa, devido à sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro pelo TRF4.
Em entrevista à rádio baiana Metrópole, ele afirmou que talvez o nome que substituirá o petista “não seja a pessoa que tenha mais o treinamento necessário”, apesar de ser “boa gente”. Ele não citou nomes, mas o escolhido pelo partido é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
“Vão querer fazer uma indicação de uma pessoa na última hora que talvez não seja a pessoa que tenha mais o treinamento necessário, apesar de ser boa gente se forem verdadeiras as especulações”, afirmou.
No início da semana, Ciro disse que o PT é seu adversário e se posicionou contra a presença de Haddad no debate televisivo marcado para a noite desta sexta-feira (17) na RedeTV!, apesar de o petista ter cobrado publicamente o seu apoio.
Em outra crítica indireta, desta vez a Jair Bolsonaro (PSL), o candidato a presidente criticou o extremismo e o radicalismo na política e disse que ele faz bem ao fígado em um primeiro momento, mas depois traz decepções aos eleitores.
“Extremismo, radicalismo e solução ligeira a golpe de frase feita faz bem ao fígado, mas, no dia seguinte, vira decepção”, afirmou.
Ele considerou justo que a população brasileira esteja aborrecida e indignada diante da crise econômica e do aumento do desemprego, mas defendeu que o momento exige ponderação na escolha do candidato a presidente.
“Eu tenho pedido ao povo que se dê um tempo, porque é uma decisão que não se toma com cabeça de quente”, disse.
Criticado pelo estilo verborrágico, Ciro disse que, aos 60 anos, não irá mudar, mas que está mais “maduro” e “sereno”. Para ele, o país não precisa de um presidente “enrolão” e “frouxo”.
“Sou de fato uma pessoa enérgica. Eu cultivo a ordem e a autoridade, dentro das leis, mas acho que o Brasil vive uma crise de autoridade muito séria”, afirmou.
Em 2002, quando foi candidato a presidente pela segunda vez, Ciro concedeu entrevista à mesma rádio, na qual chamou um eleitor de burro. O episódio foi explorado pelos seus adversários, o que o levou a dizer que estava arrependido.
Fonte: Diário do Poder