
Em um movimento estratégico para estabilizar cadeias globais de suprimentos, o governo chinês iniciou conversas diretas com montadoras brasileiras para assegurar o fornecimento contínuo de semicondutores — os chamados chips essenciais para a produção de veículos modernos.
A iniciativa surge em meio a preocupações com novas interrupções logísticas e restrições tecnológicas que ameaçam o setor automotivo mundial. Após a crise de escassez de chips entre 2020 e 2023, que paralisou linhas de montagem no Brasil e no mundo, o país asiático — maior produtor global de componentes eletrônicos — busca agora fortalecer parcerias comerciais diretas com fabricantes latino-americanos.
Representantes de montadoras como Volkswagen, Fiat, GM e Toyota já foram convidados a participar de rodadas técnicas com autoridades chinesas e empresas do setor de semicondutores, como a SMIC e a Huawei HiSilicon. O objetivo é criar canais de abastecimento mais ágeis, com contratos de longo prazo e menor dependência de intermediários.
O Brasil, que importa mais de 90% dos chips utilizados na indústria automotiva, vê na aproximação uma oportunidade para reduzir vulnerabilidades e acelerar projetos de eletrificação veicular — área altamente dependente de componentes eletrônicos avançados.
Além disso, o diálogo ocorre em um momento em que o Brasil negocia acordos de cooperação tecnológica com parceiros asiáticos, incluindo a possível instalação de centros de testes de semicondutores em território nacional, com apoio do MDIC e do MCTI.
A expectativa é que os primeiros acordos sejam anunciados ainda no primeiro semestre de 2026, garantindo maior previsibilidade para a produção de veículos no país — e evitando que uma nova crise de chips freie a retomada do setor.


