
AMAZONAS — A força das águas amazônicas transformou a rotina de milhares de moradores em 17 municípios do Amazonas, que agora enfrentam situação de emergência devido à cheia dos rios. Segundo o boletim mais recente da Defesa Civil, divulgado nesta sexta-feira (9), mais de 144 mil pessoas já foram impactadas diretamente pelo fenômeno, que deve se prolongar até junho.
As cidades mais atingidas incluem Humaitá, Manicoré e Borba, banhadas pelo Rio Madeira, além de diversos municípios na calha do Rio Solimões, como Santo Antônio do Içá e Juruá. Em Humaitá, o nível do rio chegou a impressionantes 23,14 metros, enquanto em Manicoré a marca foi de 27,46 metros – patamares que forçam moradores a improvisarem passarelas de madeira e abandonarem casas submersas.
Além dos 17 municípios em emergência, outros 17 estão em estado de atenção, 27 em alerta e apenas um permanece em situação de normalidade, refletindo o impacto generalizado das cheias na região.
Fatores climáticos amplificam o problema
De acordo com o meteorologista Leonardo Vergasta, dois fatores climáticos contribuem para a intensidade das cheias este ano. O primeiro é o prolongado Inverno Amazônico, que trouxe chuvas acima da média, e o segundo é o efeito residual do fenômeno La Niña, que, apesar de ter se dissipado em abril, ainda impacta as condições meteorológicas na região.
“O La Niña resfria as águas do Pacífico Equatorial, o que intensifica as chuvas na Amazônia. Como isso coincidiu com nosso período chuvoso, toda a bacia registrou volumes acima do esperado”, explicou Vergasta.
A expectativa é que a situação continue crítica até o início do segundo semestre, quando os níveis dos rios devem começar a estabilizar, trazendo alívio para milhares de famílias que hoje enfrentam perdas e prejuízos.


