Com o surgimento do Youtube, dentro do espantoso cenário que as redes sociais protagonizam no mundo, caíram por terra muitos tabus relacionados a mitos que em tempos passados poucos ousavam polemizar devido a forma como eram professados e guardados pelas instituições que os geraram. Um desses mitos é o cidadão Yeshua ben Joseph ou Jesus, o Cristo, um mestre ascensionado que no planeta é esotericamente chamado Sananda ou Sananda Kumara.
Graças as redes sociais, a trajetória terrena de Jesus pode ser agora melhor debatida e investigada sob novas luzes. Recentemente, a ufóloga amazonense Umaia Ismail, por meio de um canal que possui no Youtube, ofereceu excelente contribuição para esclarecer acontecimentos da passagem do avatar pelo planeta.
Ela entrevistou a sensitiva manacapuruense Niciclea Lucena, que discorreu sobre as famosas Cartas de Cristo, que dizem ter sido psicografadas por uma mulher inglesa de 80 anos, educada em um convento católico. As cartas podem ser facilmente encontradas no Youtube e nelas Jesus surpreende com interessantes desmentidos acerca da sua personalidade e acerca do modo como os chamados Evangelhos crísticos foram elaborados e divulgados.
Em suas mensagens transmitidas a Niciclea Jesus condenou a tradição da Semana Santa, comemorada efusivamente a cada ano pelos adeptos da religião católica em todo o Ocidente, sob as bênçãos do Vaticano. Segundo Niciclea, Jesus disse que, na verdade, foi mal interpretado e que não veio à Terra salvar ninguém.
Exageros contestados
Em lives que circulam no Youtube, Jan Val Ellam, pseudônimo de Rogério de Almeida Freitas, autor de 50 livros sobre temas pertinentes à história remota da Terra, aborda com bastante propriedade o assunto, dando vazão às informações que teriam sido repassadas pelo próprio Jesus à Niciclea.
Outro mito fabricado pelo Vaticano e desmentido pelo avatar é a ressurreição, afirmando ser impossível um corpo humano voltar da morte. À Niciclea, Jesus, um membro das altas hierarquias espirituais, ressaltou ter vindo cumprir jornada carnal na Terra apenas para disseminar o amor e tentar frear exageros praticados pelos judeus há 2. 023 anos atrás, sem se insurgir contra as leis romanas.
Jesus teria deixado claro também que até os 25 anos de idade trabalhava em vinhedos, interagia com mendigos e bebia e se divertia com as prostitutas da época. Vivia como um jovem qualquer, com os defeitos e virtudes inerentes. Não era um ser divino isolado, apartado do povo, como o Vaticano buscou impor aos 2 bilhões de católicos existentes no mundo.
Judeus escandalizados
Aos 25 anos, ele despertou para a missão que deveria cumprir, com o apoio dos mestres siderais. Esteve, de fato, no deserto, voltando depois para casa como um maltrapilho, dizendo à sua mãe que iria sair por aí pregando às pessoas, com o que ela concordou às duras penas.
Foi nesse período que começaram os milagres, as curas que deslumbraram o mundo e deixaram estupefatos e escandalizados as autoridades judias. Estas não toleravam o jovem que, influenciado pelo zen-budismo que conhecera em viagens à Índia e a outros lugares do Oriente durante sua adolescência, contestava o poder político de que essas autoridades faziam parte. Inquieto, pregava o total desapego a bens materiais, o que incomodava as autoridades. Estas não o suportavam somente pelo caráter rebelde, mas, obviamente, pelo fato de ele, que se dizia judeu, não saber as 613 prescrições que orientavam a vida dos adeptos do Torá. Aliás, sabe-se que as prescrições nunca foram mandamentos praticados com fidelidade pelos judeus ao pé da letra.
No nosso entender, as manifestações de Jesus à Niciclea devem ser vistas com desprendimento e respeito por todos nós. Não podem ser vistas com preconceito ou com o absurdo de que, supostamente, Niciclea os estivesse inventando para ganhar projeção midiática a fim de poder colher frutos para encaminhar, quem sabe, projetos oportunistas nas redes sociais que lhe propiciassem, a seguir, dinheiro e fama.
Conservadora e implacável em seu viés inquisitorial, a Igreja Católica dificilmente aceitará sequer comentar as mensagens mediúnicas de Jesus à Niciclea. No mínimo, tratará isso como blasfêmia. Contudo, não impedirá que Jesus quebre outros tabus com as novas revelações que prometeu fazer futuramente a Niciclea e a um outro sensitivo brasileiro.
Cogumelo alucinatório
No mais, torcemos para que as novas Cartas de Cristo não demorem. Talvez, por exemplo, Jesus esclareça que o cristianismo, que ele não autorizou ninguém a fundar, assim como jamais mandou ninguém erguer igrejas em sua homenagem, nasceu do culto à fertilidade, como provavelmente ocorreu com todas as religiões do planeta.
Se todos prestarem atenção, o Cristo crucificado parece um cogumelo alucinatório, como defendeu em tese o ex-professor da Universidade de Manchester, na Inglaterra, John Marco Allegro, em seu livro O Cogumelo Sagrado e a Cruz.
Allegro defendeu a tese de que o cristianismo tem por base o culto a fertilidade. Ao nascer de uma virgem, sem a intervenção de um sêmen masculino, Jesus simboliza um cogumelo que brota da terra sem nenhuma semente visível. Ao mesmo tempo, o Novo Testamento teria sido um livro esotérico direcionado a um grupo de iniciados em um culto da fertilidade. O que Jesus terá a dizer ? O que ele dirá também da palavra Cristo, que significa “ungido” em grego e que teria sido uma invenção de Paulo de Tarso com a intenção cabotina de endeusar e dogmatizar ao extremo a figura do Sublime Peregrino? O mesmo viés cabotino levou Tarso a inventar o mito da Santíssima Trindade, que o imperador romano Constantino abraçou e o impôs como regra santa aos súditos de Roma no Ocidente, mas o que Jesus renegou em suas Cartas.
Gostaríamos de saber, também, as impressões de Jesus sobre o Velho Testamento, obra de levitas que no Gênese e no Exodus mostra como foram absorvidas as histórias sumerianas sobre os anunnaki Enki e Enlil. Para o cientista Zecharia Sitchin, com base em provas evidenciadas em Tabuinhas de argila encontradas no Iraque, antiga Mesopotâmia, a obra bíblica se apropriou da saga anunnaki para fabricar uma autêntica fake news sobre a criação do mundo, que acabou transformando um certo Javé no bam-bam-bam do Universo em que vivemos – um falso líder, inescrupuloso e desumano como relatam os livros bíblicos.
Entre a cruz e a espada
Com as Cartas de Cristo e as repercussões e reações que elas provocam nas redes sociais, muito se espera que as novas revelações de Jesus possam contribuir para ajudar a abrir a caixa preta da Igreja Católica, uma organização que sempre manteve fortes laços com a agenda de governos mundiais que precisam da manipulação da fé para controlar as massas populares e fazer prevalecer seus interesses, sejam eles políticos, econômicos, industriais ou científico-tecnológicos nos quatro cantos do planeta.
Segundo a agenda, soa estratégico o Vaticano e os líderes religiosos a seu serviço massificarem, como divinos, bordões do tipo “Deus é fiel”, “em nome de Jesus”, “o futuro a Deus pertence”, “Se Deus quiser”, “Deus proverá”, “Deus no controle” e outros para que o rebanho de incautos não incomode o avanço dos negócios globais sob a égide de tantos agentes de peso como a União Europeia, FMI, Organização das Nações Unidas, Banco Mundial e as cúpulas G-7/G-8.
Massas ignorantes
O Vaticano mantém as massas ignorantes, subalternas e anestesiadas. Em troca, desfruta de benesses e garantias que preservam seu patrimônio bilionário. Para vários pesquisadores, esse é o enredo do poder real que governa a humanidade no dia a dia e contra o qual ninguém se revolta o suficiente a ponto de abalar o sistema de crenças (os chamados “evangélicos” também são peças estratégicas nesse processo) que anestesia bilhões de pessoas.
Portanto, que venham mais Cartas crísticas, que elas venham cada vez mais desmistificadoras, Cartas que consigam balançar os esquemas que aprisionam mentalmente multidões de pessoas escravas de condicionantes que incitam ódio e guerra seguindo a agenda sombria de governantes e líderes religiosos. Hoje, com incríveis ferramentas digitais à sua disposição, eles tocam com força total a agenda. Mas, é imperioso resistir a ela, sem ninguém fugir da guerra nas redes.
Reagir a agenda é, sobretudo, libertar o ser humano da condição de impotente a que a Igreja o relegou, como se o homem não tivesse o direito de ser protagonista de sua própria história, obrigado a aceitar sua felicidade apenas no Céu e não na Terra. A Igreja contracenou com Hitler e Mussolini, aviltando a consciência crística. Mas essa mesma Igreja não quer que o homem seja protagonista de uma nova ordem que o liberte de dogmas pueris, dogmas que são como uma larva ardente a alimentar o jogo insano dos mercadores de sempre, como aqueles que Jesus chicoteou no Templo de Jerusalém.
Juscelino Taketomi – Jornalista e escritor