Cardeal defende abolição de celibato para padres

O cardeal Reinhard Marx (Foto: Reprodução/Vatican News)

O arcebispo de Munique e Freising, cardeal Reinhard Marx, se manifestou a favor da abolição do celibato para os padres da Igreja Católica, em meio a um novo escândalo de casos de abusos sexuais contra menores.

A declaração foi dada em uma entrevista ao jornal Sueddeutsche Zeitung, divulgada nesta quarta-feira (2). “Eu me pergunto se [o celibato sacerdotal] deve ser estabelecido como uma condição básica para todo padre”, disse o clérigo.

Segundo ele, “para alguns padres, seria melhor se eles fossem casados. Não apenas por razões sexuais, mas também porque suas vidas seriam melhores se não estivessem sozinhos”.

“Sempre digo isso aos jovens sacerdotes. Morar sozinho não é tão fácil”, continuou Marx, pedindo uma discussão substantiva sobre o assunto.

“E se alguns disserem: sem obrigação de celibato, todos vão se casar! Minha resposta é: e daí? Se todos eles se casarem, seria pelo menos um sinal de que as coisas como estão não estão funcionando”, insistiu.

Esta é a primeira vez que Marx se posiciona de forma tão clara e abrangente sobre a questão. Antes do Sínodo da Amazônia em 2019, ele disse apenas que podia imaginar restrições regionais ao celibato em áreas com escassez de padres.

“Precisamos de um grande consenso. O processamento do abuso sexual não deve ser separado das reformas. É sobre coisas sistêmicas, sobre clericalismo, celibato, homens e mulheres. Você não pode ignorar tudo isso”, enfatizou o cardeal, expressando insatisfação com a reforma do Vaticano e da Cúria e defendendo melhorias.

As declarações de Marx são dadas poucos dias depois de um relatório vir a público em 20 de janeiro e apontar pelo menos 497 vítimas de violência sexual em Munique e Freising entre 1945 e 2019, englobando inclusive o período em que Joseph Ratzinger comandou a arquidiocese (1977-1982).

De acordo com o documento, Bento XVI não tomou atitudes contra quatro padres acusados de abuso e não mostrou interesse pelas vítimas.

FONTE: ANSA