
BRASÍLIA — Vera Lúcia Ranu vive há 33 anos sem notícias da filha Fabiana, desaparecida aos 13 anos em São Paulo. Nesta terça (5), ela esteve em Brasília como representante do Movimento Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas, para apoiar o lançamento da 3ª edição da Campanha Nacional de Coleta de DNA, uma iniciativa que busca dar fim a angústias como a dela.
A campanha, realizada pelo Ministério da Justiça, segue até 15 de agosto em 334 pontos de coleta espalhados por todo o país. O objetivo é recolher amostras genéticas de familiares de pessoas desaparecidas e cruzá-las com o Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), que armazena dados de restos mortais e de pessoas vivas não identificadas em abrigos, hospitais e instituições.
Para doar, basta apresentar um documento, o boletim de ocorrência e assinar um termo de consentimento. O processo é simples: coleta com cotonete bucal ou gota de sangue. Também podem ser entregues itens pessoais da pessoa desaparecida.
A diretora do Sistema Único de Segurança Pública, Isabel de Figueiredo, reforça que o banco é constantemente atualizado. “Às vezes, a resposta vem anos depois. Mas ela vem. E isso muda tudo para uma família”, destacou.
Na edição anterior, 1.645 amostras foram coletadas e 35 pessoas foram identificadas. “Pode parecer pouco, mas são 35 famílias que encerraram uma longa espera”, disse o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo.
Um desses casos foi o da servidora Gláucia Lira, que aguardava há 12 anos por notícias do filho. Em 2025, a confirmação do falecimento chegou — não como esperava, mas com a dignidade de uma resposta concreta.
A campanha é mais que uma ação científica: é um ato de empatia, memória e justiça.


