Câmara dos Deputados dos EUA aprova expulsão de George Santos

Parlamentar filho de brasileiros é acusado de usar dinheiro de campanha para pagar Botox e assinatura de site de pornografia.

A Câmara dos Representantes dos EUA, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil, aprovou na tarde desta sexta-feira (1º) a expulsão do republicano George Santos. Foram 311 votos a favor da cassação e 114 contrários.

Santos perde imediatamente o mandato, e a Câmara vai notificar o Governo de Nova York, estado pelo qual ele foi eleito, sobre a vacância do cargo. Ele saiu do Capitólio, em Washington, sem falar com os jornalistas.

Segundo a emissora de TV americana NBC News, em Nova York a lei estipula que o governo agende uma nova eleição especial em até dez dias. A votação, todavia, deve ocorrer de 70 a 80 dias após a publicação.

A governadora de Nova York, Kathy Hochul, manifestou-se logo após a votação em uma rede social.

“Estou preparada para assumir a solene responsabilidade de preencher a vaga no 3º Distrito de Nova York. O povo de Long Island não merece menos”, escreveu no X.

O gabinete de Santos continuará operando, com funcionários supervisionados pelo escrivão da Câmara dos Representantes.

Filho de brasileiros, o congressista de 35 anos enfrenta uma série de acusações de irregularidades nos fundos de campanha, incluindo o uso de dinheiro de doações em aplicações de Botox e para o pagamento de assinatura de um site de pornografia.

O Departamento de Justiça acusa Santos de crimes como uso ilegal de cartões bancários de terceiros, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, roubo de fundos públicos e por fazer declarações materialmente falsas à Câmara dos Representantes. Ele ainda corre o risco de ser preso.

Uma das investigações revelou o recebimento indevido de seguro-desemprego durante a pandemia de Covid-19, antes de ter sido eleito.

Há duas semanas, um relatório dos legisladores republicanos e democratas membros do Comitê de Ética da Câmara mostrou “enormes evidências” de má conduta por parte de Santos e afirmou que ele havia “tentado explorar de maneira fraudulenta todos os aspectos de sua candidatura à Câmara para o próprio benefício financeiro”.

Antes da decisão de hoje, George Santos havia dito que o processo de cassação era um “cerco” intimidatório e “uma perseguição” política.

O congressista chegou ao Capitólio em 2022, quando ajudou os republicanos a conseguir uma maioria mínima na Câmara.

No entanto, pouco tempo depois, foi revelado que havia mentido sobre quase tudo o que constava em seu currículo aparentemente extraordinário.

Essa é a primeira expulsão de um membro da Câmara desde 2002 — apenas cinco haviam sido expulsos na história até então.