Buracos em Matupi: moradores enfrentam riscos nas vias abandonadas

MATUPI, MANICORÉ — Todos os dias, quando atravesso as ruas e avenidas de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré, me deparo com o mesmo cenário desolador: buracos por toda parte. Alguns parecem simples depressões no asfalto; outros, verdadeiras crateras capazes de causar acidentes e prejuízos imediatos aos motoristas. Como morador e radialista, acompanho de perto esse problema que já se tornou rotina para quem vive aqui.

No inverno amazônico, a situação se agrava de forma ainda mais evidente. A chuva revela o que a manutenção escondeu por meses: novos buracos surgem, antigos se ampliam, e a trafegabilidade se torna um exercício constante de paciência e risco. Em minhas entradas ao vivo e reportagens, costumo comparar nossas vias a um queijo suíço — e não a um panetone, apesar do período natalino que se aproxima. Infelizmente, digo isso com pesar: este ano, o matupiense não tem muito o que comemorar.

A ausência de manutenção por parte da prefeitura de Manicoré afeta o cotidiano de todos nós. Muitos moradores me procuram para relatar problemas, e eu registro esses relatos não apenas como profissional, mas como alguém que sente na prática as mesmas dificuldades. As avenidas que deveriam garantir agilidade no trânsito hoje obrigam motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres a redobrarem a atenção, desviando de crateras que se multiplicam a cada semana.

Um morador, indignado, me contou recentemente: “Sempre tenho cautela ao trafegar por aqui, principalmente na época de chuva. Há alguns dias, meu carro caiu em um buraco enorme e isso quebrou a suspensão e outras peças. Tive que levar ao mecânico.” Histórias como essa têm se tornado frequentes — e previsíveis.

Santo Antônio do Matupi tem dois vereadores eleitos, e, segundo informações que apurei, ambos já enviaram diversos ofícios ao prefeito de Manicoré, Lúcio Flávio do Rosário, cobrando providências quanto à pavimentação e recuperação das vias. Até agora, nenhum desses pedidos foi atendido. A população segue à mercê de ruas esburacadas, enquanto as respostas oficiais permanecem no silêncio.

Como jornalista e morador, sigo registrando o que vejo: uma comunidade que tenta sobreviver entre buracos, descaso e a esperança de que, em algum momento, as promessas saiam do papel.

Reportagem/Fotos: Edy Lima