Barragem da Vale se rompe em MG e deixa 200 desaparecidos

Uma barragem de rejeitos da Vale se rompeu na tarde desta sexta-feira, na região de Mário Campos e Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a Defesa Civil, há possíveis vítimas, e moradores da parte mais baixa da cidade estão sendo retirados de suas casas. O Corpo de Bombeiros informou que aproximadamente 200 pessoas estão desaparecidas.

A Vale informou que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco e que havia empregados da mineradora no momento do rompimento. O acidente ocorre três anos após a tragédia de Mariana, o maior desastre ambiental do país que deixou 19 mortos.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), até o momento, quatro pessoas feridas pelo rompimento estão internadas no João XXIII. Inicialmente, duas mulheres, de 15 e 22 anos, foram socorridas de helicóptero. Mais tarde, uma mulher de 43 anos e um homem de 55 anos foram levados de ambuância. Seus estados de saúde estão estáveis. Os pacientes estão sendo avaliados e passam por exames. O hospital acionou o plano de atendimento para situações de catástrofe.

Deivison Inácio, de 22 anos, trabalha em uma empresa de mineiração vizinha a barragem da vale. Ele conta que o rompimento aconteceu por volta de 12h30, e surpreendeu a todos.

— A gente não entendeu nada direito. Está tudo muito tumultuado. A mina da Vale fica virada para o Centro de Brumadinho. Daqui da mina não conseguimos ver ainda até onde a lama invadiu — disse.

A Vale informou que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. Ainda não há confirmação se há feridos no local, segundo a mineradora.

“A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens”, afirmou a empresa em um comunicado. “A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade”.

Nas redes sociais, a prefeitura da cidade publicou um alerta para que a população não fique perto do leito Rio Paraopeba. Moradores informam que acessos à cidade estão fechados.

O governo do Estado de Minas Gerais informou que enviou uma força-tarefa para acompanhar e tomar as primeiras medidas. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, determinou o envio de equipes de emergência do Ibama e grupos de coordenação de trabalho do ministério para Brumadinho. Salles informou ao GLOBO que o ministério do Meio Ambiente está coordenando os trabalhos junto com Agência Nacional de Mineração e Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

Segundo informações preliminares, a barragem que se rompeu é usada para recirculação de água da planta e contenção de rejeitos em eventos de emergência. No site da Vale, consta que ela tem cerca de um milhão de metros cúbicos.

O parque do Instituto Inhotim foi fechado por orientação do Corpo de Bombeiros. A medida é válida para funcionários e visitantes e serve como precaução, já que o local não chegou a ser atingido pela lama.

O incidente em Brumadinho ocorre três anos após a tragédia de Mariana, quando uma barragem de rejeitos da companhia Samarco, também da Vale, se rompeu. Cerca de 43,7 milhões de m³ de lama, volume próximo do Pão de Açúcar, vazaram de instalações da mineradora no maior desastre ambiental do Brasil. O acidente ocorreu no dia 5 de novembro de 2015. Dezenove pessoas morreram, e cidades da região sofrem até hoje com os efeitos dos detritos tóxicos espalhados pelo mar de lama. [Extra]