Balsa industrializadora de açaí percorre comunidades ribeirinhas do AM

A embarcação é equipada com sistema de energia solar, internet por satélite e estação de tratamento de água e efluentes.

MANAUS — Com um investimento de R$ 25 milhões, a primeira agroindústria montada numa balsa já começou a navegar por rios que banham o estado do Amazonas. A empresa que idealizou o projeto aproxima extrativistas e ribeirinhos de áreas afastadas de Manaus a equipamentos que transformam o fruto do açaí em polpa.

A embarcação conta com soluções sustentáveis e alta tecnologia, e viaja nas calhas dos rios Madeira, Solimões, Amazonas, Juruá, Purus e Japurá. De acordo com Fábio Godeth, assistente da presidência da Bertolini, a ideia do balsa móvel é alcançar as regiões e comunidades que estejam mais distantes de Manaus.

“A balsa indústria da Bertolini foi construída para que a gente compre o açaí diretamente das populações ribeirinhas. A ideia é que a gente vá para próximo da produção extrativista, ir para próximo dos ribeirinhos, e proporcionar desenvolvimento social e econômico para as comunidades mais distantes, aliado a conservação ambiental”, destaca Godeth.

Luís Felipe Bertolini, trainee comercial e de marketing da empresa Bertolini Transportes, destaca que os produtores que negociam o fruto no mercado precisam de dois a três atravessadores até que o produto chegue “in natura” às indústrias. Com a balsa móvel o procedimento será mais rápido e mais lucrativo para os ribeirinhos. “O produtor vai chegar na balsa, vai fazer a entrega do açaí e nós vamos pagar por ele. Pelo fato de estarmos levando a indústria até ele, conseguimos pagar um preço muito melhor”, explicou.

De acordo com dados fornecidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cerca de 95% da produção de açaí no Amazonas é extrativista. Cinco mil famílias, a maioria de ribeirinhos tem a extração do açaí como sustento. Irani Bertolini, presidente e fundador da empresa diz que viu nesses dados uma oportunidade de facilitar o processo de chegada do açaí ao consumidor. “Eu vi que eles tiram lá da planta e vendem pro atravessador por R$ 40 reais ou menos e ele chega na fábrica por um preço próximo a R$140,00. Então me deu a ideia de construir uma fábrica flutuante para ir até as comunidades ribeirinhas, pagar um pouco mais para o caboclo ter um meio de vida melhor e podermos deixar o produto mais fresco, logo que retirado da planta.” disse o empresário

Balsa sustentável

O assistente da presidência Fábio Godeth destaca que por estar na Amazônia foi a balsa foi idealizada a funcionar de forma sustentável. A embarcação conta com energia, estação de tratamento de efluentes e queima de caroços do açaí. “Temos em torno de 700 painéis solares e um parque de baterias capaz de armazenas cerca de 000 kilowatts por hora.

A fábrica frigorífica armazena até 300 toneladas de produto congelada e mantida pela energia solar. Godeth destaca que a primeira viagem feita para Coari (distante 363 quilômetros de Manaus), em Maio de 2021 , mostrou que o barco tem boa capacidade de armazenação. “Em um dia conseguimos produzir 30 toneladas diárias de produção”.

👉 Hector Silva