Um ano após o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, afirmar que teria consultado seus assessores sobre a possibilidade de invadir a Venezuela, por coincidência ou não, dois aviões militares da Força Aérea Americana pousaram em solo manauense na última semana. Recentemente, o vice-presidente Mike Pence também esteve em Manaus, e militares dos EUA treinaram no Estado em 2017, o que reforça a tese de uma possível guerra a caminho.
Entre as suposições levantadas por todos que avistaram as aeronaves, estava a de que os aviões teriam trazido armamentos e militares para treinar na Amazônia, de onde seguiriam para realizar a suposta invasão à Venezuela.
“É possível uma invasão sim, pois os EUA já cumpriram promessas de invadir outros países. Afinal, qual seria o motivo desses aviões terem de pousar aqui em Manaus?”, questionou um funcionário do aeroporto internacional Eduardo Gomes, que preferiu não ter o nome divulgado.
Com quatro turbinas, sendo duas em cada asa, as aeronaves medem 56 metros de comprimento por 16 de altura e possuem capacidade para levar quase 80 mil quilos, entre pessoas, veículos e armamentos.
Confirmando oficialmente a chegada das aeronaves a Manaus, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou ao EM TEMPO que nos últimos dias 13 e 14, o aeroporto de Manaus recebeu a aeronave C-130 e a aeronave C-17, ambas da USAF, sendo que a aeronave C-130 permaneceu 2 horas no pátio, e o C-17 pernoitou no terminal, permanecendo por proximamente 20 horas na capital.
A Infraero, ainda deixou claro que o C-130, procedente do aeroporto internacional Silvio Pettirossi, Paraguai, teve como destino ao aeroporto internacional Luis Muñoz Marin, em Porto Rico. Já o C-17, procedente da Base Aérea de McGuire, New Jersey, retornou para seu destino inicial.
Segundo registros históricos, os EUA já cumpriram diversas promessas de invasão a outros países, inclusive contra a própria Venezuela, em 1947, quando, em um acordo feito com militares locais, os EUA invadiram e derrubaram o presidente Rómulo Gallegos, como castigo por ter aumentado o preço do petróleo.
O cientista político Tiago Jacaúna explica que o governo Trump inaugurou uma política externa muito dura em alguns assuntos e de uma diplomacia muito incisiva em relação alguns temas.
“Com isso, o governo americano tem atuado de maneira bem intransigente com alguns países que possuem ideias contrárias, e a Venezuela é um desses países encarados como antidemocráticos, que não segue os princípios da liberdade e do capitalismo. Ao mesmo tempo em que o governo Trump nega à Venezuela o status de pós-democrático, ele é aliado do governo russo, por esse motivo, percebe-se que, nessa política externa, há diversas contradições. Isso significa que, claramente, existe uma antipatia. O que me parece é uma disputa ideológica entre o que é considerado democracia e liberdade e o que não é considerado, colocando a Venezuela como um país não-democrático”, afirma.
Ainda de acordo com Tiago, apesar das relações estremecidas entre EUA e Venezuela, ele acredita que uma invasão esteja fora do contexto nesse momento.
Por outro lado, parece que a ideia de Trump custou caro a alguns de seus assessores, o que significa que o plano pode sim ser posto em prática, uma vez que, ainda no ano passado, após rebaterem a promessa de invasão, o então secretário de Estado, Rex Tilerson, e o conselheiro de segurança nacional, H. R. McMaster, deixaram a administração, isso porque McMaster teria explicado a Trump, naquela ocasião, que uma ação militar poderia arriscar o apoio dos governos latino-americanos aos EUA.
Treinamentos e visitas
Em 2017, uma outra aeronave americana sobrevoou Manaus trazendo militares para exercícios com brasileiros, o que intriga ainda mais por conta do clima e do bioma serem parecidos com o venezuelano, além de, claro, a proximidade com o país latino-americano. Confirmando ainda mais a amizade entre EUA e Brasil, recentemente o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, compareceu a Manaus e visitou as instalações da Casa de Acolhida Santa Catarina, onde estão abrigados 120 venezuelanos.
Fonte: Em Tempo