Auxílio Emergencial: Militares com altos salários são investigados por fraudes

Comando da Marinha incluiu pelo menos 30 oficiais, patente mais alta da Força, em investigação que apura recebimentos indevidos

As fraudes no auxílio emergencial, uma das marcas da liberação de renda para os mais afetados pela pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), chegaram às Forças Armadas. Segundo os números do Ministério da Defesa, 53.459 militares receberam os R$ 600 indevidamente. A pasta, inclusive, incluiu militares de altas patentes, com salários de até R$ 20 mil, nas investigações.

De acordo com apuração da revista Época, que obteve dados e documentos a partir da Lei de Acesso à Informação, militares de altas patentes fazem parte da investigação que apura recebimentos indevidos do auxílio emergencial.

De acordo com balanço do Ministério da Defesa divulgado nesta sexta-feira (26), dos 53.459 militares que receberam o auxílio indevidamente, mais da metade, 52,7%, não tinham devolvido os valores recebidos ao governo.
Após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar investigações internas nas Forças Armadas para apuração dos recebimentos indevidos, o Comando da Marinha incluiu ao menos 30 oficiais, patente mais alta da Força, na investigação. Os oficiais recebem salários que superam R$ 20 mil por mês.

Quando foram divulgadas as denúncias que apontavam que militares receberam o auxílio emergencial indevidamente, o número apontava um total de pagamentos superior ao apurado pela Defesa. Enquanto a primeira divulgação, feita por Ministério da Cidadania e da Defesa, mostrava que 73 mil receberam, a segunda revela um total que exclui cerca de 20 mil desse montante.

À época das primeiras revelações, o presidente Jair Bolsonaro minimizou os valores pagos indevidamente, dizendo que se tratava de militares de baixa patente e baixos salários, o que não foi comprovado pelo levantamento com dados da Defesa, já que oficiais com salários que superam os R$ 20 mil receberam o benefício. Bolsonaro, por outro lado, assegurou que os militares seriam punidos, e disse ainda que, no meio militar, quando acontece algo errado, “o bicho pega”.

FONTE: IG