Os desafios na prevenção e no tratamento da infecção por HIV / AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) na juventude amazonense foi tema de uma Audiência Pública realizada na manhã desta quinta-feira (21), no auditório Senador João Bosco, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). O evento foi uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por meio do Projeto Viva Melhor Sabendo, Jovem Manaus e pela Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento e Defesa dos Direitos da Pessoa com IST / HIV / AIDS e Tuberculose (FRENDHAT), presidida pelo deputado Luiz Castro (Rede).
“Esse assunto ainda é um tabu”, disse o deputado, explicando que o objetivo do encontro é promover uma discussão entre os diversos órgãos públicos e a sociedade sobre os crescentes números de jovens infectados com o vírus HIV no Estado e particularmente em Manaus. “A incidência maior está se dando na faixa de idade de 16 a 24 anos”, informou o parlamentar, afirmando que por isso “é indispensável dialogar com os jovens, para a prevenção, para o alerta”.
Entre as capitais brasileiras com maiores taxas de detecção, Manaus é a que apresenta a maior taxa de detecção em jovens com idade entre 15 a 24 anos: 58,6 a cada 100 mil habitantes, sendo que a taxa nacional é de 13,8. Dos 3.138 casos registrados de infecção pelo HIV em jovens de 14 a 24 anos no Estado, (desde 1980), 86% das ocorrências foram registradas em Manaus. Esses dados contam no Boletim Epidemiológico HIV/AIDS do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
Os números foram apresentados pelo coordenador do Projeto Viva Melhor Sabendo Jovem Manaus, Efraim Lisboa, que falou da necessidade de debater e buscar a razão e origem desses números tão preocupantes, para que seja possível formatar estratégias de enfrentamentos às IST / HIV / AIDS no Estado e especialmente entre os jovens. Lisboa falou sobre pesquisas que apontam que os jovens estão começando a vida sexual mais cedo, e por isso é imprescindível que o Poder Público estabeleça políticas de orientação e educação de fato, para conscientizar esse jovem não apenas sobre a importância do uso de preservativos, mas como se prevenir e como cuidar do seu próprio corpo. “Senão o jovem vai continuar se infectando, porque ele não tem percepção de risco e não se vê como vulnerável”, destacou.
Já a chefe do escritório do Unicef em Manaus, Luiza Teixeira, falou da “juvenização” do número de infectados no Amazonas e por isso é preciso dar atenção aos jovens para resolver esse problema. “Uma prevenção começa com o debate”, disse, “é preciso que a gente fale a respeito e quebre o tabu com os jovens”, destacou. Para a representante do Unicef o encontro de hoje busca “unir forças”, para que juntamente com o Parlamento Estadual, caminhar junto em busca da resposta à epidemia do HIV.
Durante os debates, ficou clara a necessidade de encaminhar à Secretaria de Saúde (Susam), Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), e demais secretarias e órgãos públicos envolvidos, propostas de aprimoramento da maneira de se comunicar com o jovem a respeito desse tema. Utilizando também as novas plataformas digitais de comunicação, como as redes sociais, para conseguir atingir esse público. “É preciso que os próprios jovens conversem, para que não fique parecendo uma lição de moral do adulto”, disse o deputado Luiz Castro.
