Atacante do Iranduba é convocada para seleção brasileira de futebol sub-17

Marilia viaja cerca de uma hora do Janaucá para desembarcar no porto da Manaus Moderna ─ Foto: Sandro Pereira

Fã de carteirinha da ‘Rainha’ Marta, a atacante do Iranduba, Marília da Cruz Furiel, de 16 anos, sempre sonhou um dia deixar a humilde Vila do Janauacá – situada nas proximidades do município de Manaquiri, distante a 156,6 km de Manaus, pra passar uma temporada na Granja Comary, servindo a seleção brasileira.

E por coincidência, ou pelas  bençãos dos deuses do futebol, Marília foi  convocada pela primeira vez à seleção feminina sub-17, onde fará  treinamentos entre os dias 21 desse mês e  1º de novembro, na Granja Comary. O período de treinos visa a disputa do Sul Americano da categoria.

Orgulhosa pelo feito alcançado, Marília contou como foi receber a notícia da convocação.
“O seu Lauro (Tentardini, diretor de futebol do Iranduba) mandou o documento pelo Whatsapp. Fiquei muito feliz  e sem saber o que falar pra minha família. Aí falei pra minha tia (Marinês),  minha mãe estava no interior, mas ela já sabia que o responsável que cuida da papelada contou pra ela. Ela ficou muito feliz,  até chorou. E o papai (Ronei Furiel) também”, relatou a jogadora do Hulk, que através do futebol sonha melhorar a casa da família no Janauacá.

“Espero que possa realizar o sonho pra fazer uma casa melhor pra minha família, e poder ajudar todos eles”, ressaltou.

Superando longas jornadas por rios e estradas  pelo prazer em  jogar futebol, Marília tanto batalhou que  foi descoberta em uma peneira do Hulk, visando o Brasileiro Feminino sub-18. Com atuação de destaque na competição nacional, Marília foi integrada ao time principal que disputa o Barezão Feminino.
A mãe da atleta,  Marinilda Nunes, 35, falou orgulhosa com as realizações da filha. “Sempre acreditei que era o sonho dela, e foi uma emoção muito grande, chorei. Nossa comunidade ficou muito feliz por ela, a nossa família, os amigos”, conta Marinilda.

Chance no Hulk

Apaixonada por futebol desde os 6 anos de idade, Marília só começou a participar de competições nas redondezas da Vila  aos 12 anos. Defendendo o time Família Municipal Janaucá, do treinador Everson Cascaes, 37, Marília encontrou um dos primeiros mestres  e principal responsável por levá-la até a peneira do Hulk.

“Fui passar um tempo em Manaus em  junho  e  minha filha (Emily) foi  fazer a peneira. Lá, conheci o seu João Cavalo (técnico do Iranduba), e  minha filha foi  e eu voltei pro interior. Depois, numa tarde, meu telefone tocou e era o seu João, que disse pra eu levar minha filha pra treinar. Só que minha filha tem 15 anos, e ela não foi selecionada pra jogar sub-18 por causa da idade. Quando ela veio pra Manaus  fiquei preocupado dela vir sozinha e lembrei da Marília, e falei pro seu João avaliar ela. Assim nós fomos, elas treinaram lá e sei que terminou tudo e ele pediu pra elas continuarem treinando. E só sei que hoje, graças a Deus, a Marília tem conquistado tudo isso”, contou Everson.

Rotina de Marília

Contando com o apoio da tia Marinês Nunes, que mora no bairro do Tarumã, zona Oeste de Manaus, a jogadora do Iranduba explicou como encara a rotina de treinos e jogos em Manaus.

“Toda semana eu venho de lancha com uma hora de viagem. Desembarco no Porto da Manaus Moderna e quando chego aqui eu merendo e vou de ônibus pros treinos. Duas vezes por semana. Venho na segunda, jogo as partidas do meio de semana e volto na sexta pra Vila”, relatou Marília, que também tem dado continuidade nos estudos, na escola Municipal Novo Progresso, onde cursa no 2º ano do Ensino Médio, apesar dos compromissos na capital baré.

“Quando eu vou pra lá, sempre vou na escola e faço as minhas provas. Os professores me apoiam e estão muito felizes por ter uma jogadora lá de Janauacá representando as pessoas de lá”, concluiu Marília.

Por ACRÍTICA