Após impeachment, Manuel Merino assume presidência do Peru e garante novas eleições em 2021

Manuel Merino assume a presidência do Peru nesta terça-feira (10), após o impeachment de Martín Vizcarra. ─ Imagem: Reprodução/Parlamento do Peru

O chefe do Congresso peruano, Manuel Arturo Merino, assumiu a presidência peruana nesta terça-feira (10) em meio a protestos depois que o popular presidente Martín Vízcarra foi afastado do cargo na segunda-feira. Merino é o terceiro presidente do país desde 2016.

“Juro por Deus, pelo país e por todos os peruanos que exercerei fielmente” o cargo de presidente, declarou Merino, 59, um agrônomo de centro-direita quase desconhecido dos peruanos.

Em seu juramento de posse, Merino garantiu que respeitará o processo eleitoral e que haverá novas eleições presidenciais no início do próximo ano.

“Ninguém pode mudar a data das eleições convocadas para 11 de abril de 2021”, disse Merino com a faixa presidencial bicolor, em seu primeiro discurso perante o Congresso. Ele prometeu “imparcialidade em todos os processos eleitorais”.

Durante sua posse, houve protestos contra a remoção de Vizcarra nas ruas próximas à sede do Congresso em Lima, com confrontos entre manifestantes e policiais, além de panelaços em vários bairros da capital.

Merino negou ter “comprado” votos para remover Vizcarra e criticou a gestão da pandemia pelo ex-presidente. Com quase 33 milhões de habitantes, o Peru acumula 923.000 infecções por coronavírus e cerca de 35.000 mortes.

Quatro anos de crise política

A mudança de poder é mais um passo na grave crise política e institucional enfrentada pelo Peru nos últimos anos.

Vizcarra foi destituído pelo Congresso peruano na segunda sob suspeita de ter recebido propina de construtoras quando era governador da região de Moquegua entre 2011 e 2014. Ele nega as acusações.

O impeachment foi uma espécie de repetição. Seu antecessor, Pedro Pablo Kuczysnki (2016-2018), não conseguiu cumprir seu mandato por ter sido forçado a renunciar por pressão do Parlamento.

“O Peru sai institucionalmente mais fraco. Merino será um presidente fraco. Esse é o cenário em um contexto de eleições gerais (em abril de 2021) com uma pandemia”, considera o analista político Augusto Álvarez Rodrich.

FONTE: AFP