Após 50 anos, IBGE volta a usar o termo ‘favela’ no Censo

Desde os anos de 1970, o instituto vinha usando expressões como 'aglomerados urbanos excepcionais' ou 'aglomerados subnormais'.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta terça-feira (23) que voltará a usar o termo “favelas e comunidades urbanas brasileiras” para se referir a esses locais no Censo. Desde 1991, o instituto vinha adotando a denominação “aglomerados subnormais”.

O novo termo foi discutido amplamente pelo IBGE com movimentos sociais, comunidade acadêmica e diversos órgãos governamentais. Segundo o instituto, a denominação está vinculada à “reivindicação histórica por reconhecimento e identidade dos movimentos populares”.

Na década de 1970, o instituto começou a usar a expressão “aglomerados urbanos excepcionais”. Já em 1991, o termo para se referir a esses locais foi trocado por “aglomerados subnormais (favelas e similares)”.

“A nova nomenclatura foi escolhida a partir de estudos técnicos e de consultas a diversos segmentos sociais, visando garantir que a divulgação dos resultados do Censo 2022 seja realizada a partir da perspectiva dos direitos constitucionais fundamentais da população à cidade”, diz Cayo de Oliveira Franco, Coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE.

Segundo projeções da ONU-Habitat 2022, cerca de um bilhão de pessoas vivem atualmente em favelas e assentamentos informais, em todo o mundo.

O IBGE constatou que alguns marcos centrais evidenciaram problemas no uso da expressão “aglomerado subnormal”. Entre os fundamentos legais para a mudança, está o direto à moradia, considerado um direito humano fundamental desde a Declaração Universal de 1948 e previsto no Art. 6º da Constituição Federal de 1988.