APIB repudia violência contra indígenas em marcha no Congresso Nacional

A mobilização teve como objetivo a defesa de direitos constitucionais e o fortalecimento do diálogo com os Poderes da República.

BRASÍLIA, DF — A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) divulgou uma nota de repúdio veemente aos atos de violência perpetrados pelo Departamento de Polícia Legislativa (DPOL) e pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) na tarde desta quinta-feira, 10. A ação ocorreu durante a marcha “A Resposta Somos Nós”, parte da programação do Acampamento Terra Livre (ATL), mobilização que reúne milhares de indígenas em Brasília. A APIB acusa o Congresso Nacional de, além de aprovar leis inconstitucionais, atacar diretamente os povos originários e seus representantes.

Segundo a APIB, a deputada indígena Célia Xakriabá (PSOL) e diversos manifestantes ficaram feridos após serem recebidos com bombas de gás de pimenta e efeito moral no Congresso. A organização lamentou o uso considerado desnecessário de substâncias químicas contra os participantes da marcha, que incluía mulheres, idosos, crianças e lideranças tradicionais. A APIB classificou o episódio como um ataque à própria democracia, uma vez que o Congresso deveria ser o espaço do diálogo e da representação popular.

A articulação indígena afirma ter evidências de que a violência desta quinta-feira se insere em um contexto de violência institucional disseminada contra os povos indígenas. A nota cita um episódio ocorrido na véspera, durante uma reunião convocada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) para tratar da organização da marcha. Na ocasião, um participante não identificado, que a APIB suspeita ser um agente de segurança, proferiu uma fala racista e de incitação à violência, registrada em áudio: “deixa descer logo… deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça”.

A APIB enfatizou que o acesso dos mais de 7 mil manifestantes indígenas ao gramado do Congresso Nacional ocorreu de forma espontânea e pacífica, sem qualquer registro de violência, depredação ou tentativa de rompimento de barreiras. A organização reforçou o caráter democrático da mobilização, que visa a defesa de direitos constitucionais e o fortalecimento do diálogo com os Poderes da República. A APIB lembrou que o Acampamento Terra Livre é realizado há mais de 20 anos em Brasília, sempre com organização e respeito às instituições.