Amazonas é o segundo estado do Norte com mais casos de câncer

Primeira posição é ocupada pelo Pará. Estimativas para 2020 no AM são 10% menores que o último levantamento. ─ Imagem: Reprodução

O estado do Amazonas deve registrar 5.410 novos casos de câncer, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O índice é o segundo maior da região Norte, perdendo apenas para o Pará, que corresponde a 7.590 casos.

Apesar de alto, o índice é 10% menor que o último levantamento realizado pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon) em 2018, que registrou mais de 5,8 mil casos de câncer. E conforme estimativa para 2020, o maior índice de casos é o de câncer de colo uterino nas mulheres, registrando 700 casos.

Em contrapartida, o número de casos de câncer de mama no Amazonas, corresponde a apenas 450. O Inca estima também que para este ano que o Amazonas contabilize 480 casos de câncer de próstata – o segundo maior tipo de câncer estimado no Amazonas.

Segundo o diretor-presidente da FCecon, Gerson Mourão, a redução de 10% é uma boa resposta de que o trabalho realizado nos últimos dois anos está sendo bem feito. Contudo, ainda há muito trabalho a se fazer no Amazonas.

“Esta redução pequena significa que apesar de tudo, já começamos a recebe respostas das intervenções que realizamos desde o ano passado. Porém estima-se um número grande pois ainda há a falta de políticas públicas dentro do Estado. É necessário que se realize uma intervenção maior na prevenção do câncer de colo de útero, por exemplo, que diferente dos outros Estados, é o tipo de câncer que acomete mais mulheres que o câncer de mama no Amazonas”, destacou o oncologista.

Gerson Mourão pontuou ainda que a FCecon está promovendo desde a semana passada a campanha “Amazonas sem Câncer de Colo”, com o objetivo de intensificar prevenção da doença.

“Nós já começamos a ampliar a quantidade de cirurgias preventivas de câncer de colo uterino, a chamada conização. Além disso, estamos realizando intervenções para intensificar a campanha de vacinação de meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos nos postos de saúde do estado. Com grande empenho na vacinação, conseguiremos erradicar o câncer de colo no Amazonas, da mesma forma que na Austrália. País que com a vacinação em massa conseguiu abolir o câncer de colo uterino, facilitando assim o foco nos outros tipos de câncer”, ressaltou Mourão.

Diagnóstico e tratamento na pandemia

O isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus afetou diversas setores. E o setor da oncologia preventiva não ficou de fora. Segundo o oncologista Gerson Mourão, a FCecon registrou uma queda de 25% no número de diagnósticos deste ano.

“Sem dúvida. No mundo inteiro e principalmente no Amazonas as pessoas ficaram com medo de sair de casa para ir para o hospital. Isso teve um impacto muito grande, uma queda de mais de 25% de pessoas que fizeram exames de diagnóstico, por conta do medo de pegar coronavírus”, contou Mourão.

O especialista também ressaltou que FCecon não deixou de realizar o tratamento de pessoas com câncer no Amazonas, mas respeitando as medidas de saúde.

“Todos os casos graves de tumores que estão crescendo muito rápido, são operados logo. Aqueles tumores menores estão sendo aguardados para que possa ser operado posteriomente, até que passe essa onda da pandemia. Outra coisa, nós estamos fazendo testes de Covid-19 em todas os pacientes que vamos operar. Porque caso tenha testado positivo, nós não operamos pois o risco de mortalidade e complicações durante a cirurgia é muito grande”, ressaltou o oncologista.

FONTE: A Crítica