
MANAUS — Mil alunos soldados da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) estão enfrentando uma realidade de descaso e precariedade, prejudicando não apenas a sua formação, mas também a segurança da população amazonense. Em um cenário alarmante, essas vítimas do sistema de segurança pública lutam contra a falta de auxílio-alimentação, viaturas em condições precárias e um quadro geral de abandono institucional.
Em mensagens enviadas por internautas através de aplicativos, vários relatos têm surgido denunciando a gravidade da situação. Os alunos soldados, que atuam nas ruas de Manaus e no interior do estado, estão cumprindo suas jornadas de trabalho sem a alimentação adequada e sem a assistência mínima necessária para garantir que suas atividades sejam realizadas de forma eficiente.
A denúncia é ainda mais alarmante quando se observa a falta de viaturas adequadas para o trabalho dos policiais. As viaturas estão sendo retidas pela empresa Tecway, responsável pela manutenção dos veículos, devido a uma dívida acumulada de R$ 70 milhões, o que tem comprometido gravemente a circulação das viaturas, algumas das quais enfrentam sérios problemas mecânicos. “Falta tudo: pneus carecas, faróis queimados, luz de freio que não funciona. Algumas viaturas simplesmente ‘pregam’ no meio do serviço, gerando um grande vexame”, relatou um denunciante.
Carga de trabalho extenuante
A situação se agrava ainda mais para os alunos soldados, que, além de lidarem com a precariedade dos recursos, enfrentam uma carga de trabalho extenuante de 5×2, sem o devido apoio financeiro ou auxílio-alimentação.
Muitos desses profissionais em formação têm que arcar com as próprias refeições durante o expediente, o que força muitos a recorrerem a empréstimos para conseguir se sustentar. A pressão emocional e financeira tem gerado um ciclo de endividamento e sofrimento entre esses militares, que já lidam com a carga física e psicológica imposta pela rotina de trabalho.
Carta à Associação
Recentemente, um alunos soldado encaminhou uma carta à Associação de Cabos e Soldados da PM, denunciando as péssimas condições de trabalho e a total falta de apoio da corporação. O documento, assinado de forma anônima por temor de represálias, descreve a realidade difícil vivida pelos soldados alunos.
“É inaceitável que a Polícia Militar, uma instituição com tamanha responsabilidade, trate seus futuros profissionais dessa maneira. Precisamos de condições dignas para cumprir nosso dever”, destaca o soldado em seu apelo.
Em resposta, a Associação de Cabos e Soldados, liderada pelo sargento Igor Silva, se comprometeu a interceder junto ao Comando Geral da PMAM para cobrar soluções urgentes.
Entre as reivindicações estão a reavaliação das escalas de serviço, a concessão de auxílio-alimentação e o pagamento adequado aos soldados alunos, além da melhoria da frota de viaturas e o cumprimento das obrigações financeiras da empresa Tecway.
A situação descrita reflete um cenário de abandono e negligência com os soldados da PMAM, colocando em risco não apenas o bem-estar desses profissionais, mas também a segurança de toda a população. A falta de viaturas e a sobrecarga de trabalho afetam diretamente a capacidade da corporação em cumprir seu papel essencial de proteção e vigilância nas ruas.
Governo se manifesta
O Governo do Amazonas, por sua vez, ainda não se manifestou oficialmente sobre as denúncias ou sobre a possibilidade de quitar a dívida com a Tecway, o que só piora a situação de calamidade enfrentada pelos policiais e pela sociedade.
Em tempos de crescente insegurança, a falta de comprometimento com a segurança pública é uma questão urgente que não pode ser ignorada. A sociedade amazonense aguarda uma resposta rápida e eficaz para garantir que os policiais da PMAM, principalmente os alunos soldados, tenham as condições mínimas necessárias para exercer a função que lhes foi confiada: proteger a população.