Aldeia no Tarumã-Açu realiza 7ª edição dos Jogos ‘Brincadeiras de Curumim e Cunhantã’

Mais que uma competição, a 7ª edição da já tradicional “Brincadeiras de Curumim e Cunhantã”, realizada sexta-feira, 30/8, na aldeia Inhaã-Bé, localizada no Tarumã-açu, na zona ribeirinha de Manaus, serviu para reunir aproximadamente 120 crianças indígenas e não indígenas de diversas comunidades próximas. O objetivo da ação, promovida pela Prefeitura de Manaus, foi o de realizar a interação social entre os alunos de forma intercultural, além de trabalhar questões de saúde e culturais por meio do esporte.

Os jogos foram divididos em duas categorias, tradicionais e não tradicionais. Os jogos tradicionais respeitaram a cultura das tribos indígenas saterê e tikuna, incluindo cipó de guerra, corrida do pote, canoagem, natação e arco e flecha. Os não tradicionais são os esportes mais populares entre os indígenas e não indígenas, como atletismo, queimada, voleibol e futebol.

“Temos modalidades da nossa cultura e outras que não fazem parte, isso porque não queremos que eles percam as tradições dos nossos antepassados e os não tradicionais servem para a inclusão e trabalham o físico e o mental”, comentou o tuxaua da etnia saterê, Pedro Hamaw.

Os participantes das atividades vieram das comunidades Sahu-Apê, Branquinho, Tariano, Nusoken, Waikiru, Bayaroá, do Centro Municipal de Educação Escolar Indígena (CMEEI) Wainhamary e das escolas municipais Paula Beltrão e Paulo César Neto. Muitas dessas comunidades são ribeirinhas, mas isso não impediu a participação de uma aldeia indígena localizada na área urbana de Manaus, no bairro Monte das Oliveiras, o CMEEI Waynhamary.

Segundo a cacique Xitara Apurinã, o encontro do urbano com o rural serviu para apresentar outras realidades aos jovens. “Trouxemos 16 crianças para participar, é importante trazer porque somos indígenas que residem na cidade e as tradições são diferentes. Aqui eles participam de diversas brincadeiras que não têm na cidade e é uma oportunidade de conhecer e realizar a interação entre cidade e aldeia”, observou.

Para o gerente de Educação Escolar Indígena, Glademir Santos, a realização da 7ª edição das brincadeiras, mostra que o trabalho realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), de diálogo constante com as comunidades e suas necessidades de ensino diferenciado, possibilita a integração entre os povos indígenas e não indígenas, mas sem esquecer as suas raízes.

Um dos exemplos vêm de Yy Vieira, 11, da etnia saterê, que declarou estar contente em participar dos jogos. “Esses jogos são para incentivar as crianças ao aprendizado e para que nunca esqueçam suas raízes. Eu treino natação, mas vou participar de todas as brincadeiras, mesmo não ganhando, porque o mais importante é participar”, concluiu.