Na atual realidade social, política e econômica do nosso planeta ainda azul, os degraus que a mulher galgou – como dizem “os bambas” no assunto – o foram por pura raça e determinação dela mesma. Pelo menos é assim que eu penso. A mulher que sofreu discriminação, repressão e outros substantivos, durante muito tempo, dentro de uma sociedade por excelência, extremamente machista, conseguiu superar quase todos os paradigmas a ela impostos, mudando o rumo da história.
A luta foi contra tudo e todos, para chegar ao lugar onde se encontra hoje. Se formos analisar ou fazer uma comparação com o passado, a mulher dos dias atuais é quase um paradoxo da outra dos anos idos. Não deixou de ser doméstica, mas deixou de ser submissa, coitadinha, que fazia tudo o que seu mestre homem mandava.
A Amélia, hoje, não seria mais a mulher de verdade, talvez, a Maria, com a lata d’água na cabeça, que sobe o morro e não se cansa, e pela mão leva a criança, teria o seu lugar nestes tempos, pela sua garra de vencer na vida, pela sua superação.
A mulher, além de tomar conta da casa e da família, assume nos dias de hoje, uma postura profissional, importantíssima, no mercado de trabalho, concorrendo com o homem. E, muitas das vezes, bem mais sucedida. Porque muitos não perceberam essa mudança de comportamento, não evoluíram, e, envoltos nas suas molduras machistas, estão inertes em seus patamares, cheios de arrogâncias, ouvindo o som de uma banda que já passou.
Existe ainda discriminação, claro, mas o comportamento da mulher vem se impondo de uma forma profundamente salutar dentro da nossa sociedade. A mulher, sem fazer alarde, conseguiu seu espaço de uma forma extremamente sutil e fecunda, dando forma e sentido ao que o ser humano mais precisa para exigir seus direitos e ter suas conquistas pela essência da cidadania.
É interagindo e se integrando de uma maneira inteligente, eficaz e ética que a mulher de hoje envolve toda uma comunidade, e serve de exemplo para quem quer progredir, devido à sua busca, à sua luta pela sobrevivência dentro de um mundo onde só o homem tinha vez.
Viver em um lugar, fazer parte de um grupo sem deixar de pensar, sem perder o seu individualismo, mas sem deixar, acima de tudo, de ser um todo, faz com que a mulher se diferencie, e tenha credibilidade bastante para assumir, hoje, postos que outrora eram só preenchidos por homens.
Em certas rodadas machistas comenta-se que as mulheres não são capazes de pegar em um cabo de uma enxada ou uma boca-de-lobo, e que isso é serviço para homem macho. É claro, lógico, evidente, óbvio, se é assim que eles pensam. Mas, se precisar, ela se adapta a qualquer condição, e está provado!
“Quem sabe o Super-Homem venha nos restituir a glória, mudando como um Deus o curso da história, por causa da Mulher,” é assim que diz na música de Gilberto Gil, mas a “Mulher Maravilha” desses dias achou suspeito esse super-herói, e começou há pouco tempo a restituir a glória, mudando como uma Deusa o curso da sua história.
Agora, por tudo o que a mulher representa, pela sua condição de gerar uma outra vida, e cuidar dessa vida até aonde sua vida a levar, o homem tem que pegar a enxada, a picareta, a boca-de-lobo e o que mais tiver. Ser macho mesmo, para limpar todos os caminhos por onde a mulher quiser passar. A mulher TEM A FORÇA!
David Almeida – jornalista e escritor