
PARINTINS (10) — A edição 2026 do Festival de Parintins já enfrenta turbulências antes mesmo de acontecer. Por trás das cortinas dos tribunais amazonenses, desenrola-se uma disputa que coloca de um lado o Ministério Público e, do outro, os produtores do maior festival folclórico do Brasil.
Tudo começou quando a Justiça barrou temporariamente a venda de entradas. Mas na última terça-feira, um desembargador desbloqueou essa autorização. Agora, o MP reage entrando com um novo recurso para reverter essa decisão e resgatar a proibição. A novela judicial promete capítulos ainda por vir.
O Que Está em Jogo?
Quando falamos em venda de ingressos, estamos falando de dinheiro real. Os produtores (empresa Amazon Best) argumentam que perder receitas com a venda prévia de bilhetes prejudicaria financeiramente os grupos folclóricos que dependem da festa.
Porém, há mais nuances nessa história do que parece à primeira vista.
Os Números Que Não Mentem
O setor de camarotes — aquele espaço premium onde se senta a elite — movimenta algo próximo a R$ 8 milhões. Curiosamente, esse segmento nunca foi proibido de vender. A restrição judicial atingiu exclusivamente os ingressos populares, aqueles que abrem acesso ao público em geral.
Isso levanta uma pergunta incômoda: se a proibição não afetou os camarotes — a maior fonte de receita — por que exatamente a empresa alega prejuízo tão catastrófico?
A Questão dos Preços
Aqui reside o cerne da divergência. O Ministério Público acusa os produtores de inflacionar os valores das entradas de forma desproporcional e sem justificativa técnica compatível com a realidade dos custos operacionais.
Em outras palavras: o MP diz que a empresa está cobrando caro demais, e essa é justamente a razão pela qual os lucros com ingressos populares importam tanto. É lucrativo justamente porque está caro.
Como Segue a História?
O MP agora pede ao tribunal que reconsidere a liberação ou, alternativamente, que o caso seja submetido a votação entre os desembargadores da câmara especializada em direito civil.
A preocupação central é com os consumidores. Se as pessoas comprarem ingressos agora, antes de todas as garantias legais e de segurança serem verificadas, estarão assumindo riscos desnecessários — sem informações completas e sem proteção adequada.
O Que Esperar?
Esta é uma disputa que toca em temas sensíveis: direitos do consumidor, transparência comercial, segurança em eventos e equilíbrio entre lucro empresarial e bem-estar público.
O próximo capítulo dessa novela judicial pode redefinir como o maior festival folclórico do Amazonas opera sua comercialização de ingressos nos próximos anos.


